Análises estratigráfica e estrutural da Seção Rifte (Valanginiano ao Barremiano) na área do levantamento sísmico 3D de baixo vermelho, Bacia Potiguar emersa

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A área de Baixo Vermelho, localizada na porção norte do Graben de Umbuzeiro (Bacia Potiguar emersa), representa um exemplo típico de uma bacia do tipo rifte, caracterizada, em subsuperfície, pela seqüência sedimentar rifte, correlata à Formação Pendência (Valanginiano-Barremiano), e pelo Sistema de Falhas de Carnaubais. Dentro deste contexto, duas abordagens principais nortearam o estudo, a estratigráfica e a estrutural, em que se lançou mão da interpretação do volume sísmico 3D de Baixo Vermelho e de oito poços exploratórios da área e adjacências. A análise estratigráfica do intervalo do Valanginiano ao Barremiano foi realizada em duas fases distintas, 1D e 2D, nas quais foram adaptados os conceitos básicos da estratigrafia de seqüências. Nestas fases, a análise individual de cada poço e a correlação entre os mesmos permitiu reconhecer as principais litofácies presentes, interpretar os sistemas deposicionais vigentes e identificar as unidades genéticas e as superfícies-chave de caráter cronoestratigráfico. As litofácies analisadas constituem, predominantemente, conglomerados, arenitos, siltitos e folhelhos, ocorrendo, ainda, de forma subordinada, rochas carbonáticas e margas. Com base nas associações destas litofácies foram interpretados os sistemas deposicionais de leque aluvial, flúvio-deltaico e lacustre. O sistema de leque aluvial é composto, principalmente, por depósitos conglomeráticos, os quais se desenvolveram, principalmente, na porção sul da área, estando diretamente associados ao Sistema de Falhas de Carnaubais. O sistema flúviodeltaico, por sua vez, foi desencadeado, preferencialmente, na porção noroeste da área, na margem flexural, sendo caracterizado por arenitos grossos a finos intercalados a folhelhos e siltitos. Em contrapartida, o sistema lacustre, o mais dominante na área investigada, é formado principalmente por folhelhos que ocorrem, por vezes, intercalados a delgadas camadas de arenitos finos a muito finos, interpretados como depósitos turbidíticos. As unidades da estratigrafia de seqüências reconhecidas nos poços estão representadas pelos conjuntos de parasseqüências, tratos de sistemas e seqüências deposicionais. Os conjuntos de parasseqüências, ora progradacionais, ora retrogradacionais, foram agrupados e relacionados aos tratos de sistemas. A predominância dos conjuntos de parassequências progradacionais (trend geral com engrossamento textural para o topo) caracteriza o Trato de Sistemas Regressivo, ao passo que a ocorrência, com maior freqüência, dos conjuntos de parassequências retrogradacionais (trend geral com afinamento textural para o topo) representam o Trato de Sistemas Transgressivo. Na análise sismoestratigráfica, as litofácies descritas nos poços foram relacionadas às sismofácies caótica, progradacional e paralela/subparalela, as quais se associam, freqüentemente, aos sistemas de leques aluviais, flúvio-deltaico e lacustre, respectivamente. Nesta análise foram mapeados quinze horizontes sísmicos que correspondem aos limites de seqüências deposicionais e às superfícies de inundação máxima, que separam o trato de sistemas transgressivo do regressivo. O reconhecimento de ciclos transgressivo-regressivo permitiu identificar nove seqüências deposicionais, possivelmente de 3a ordem, relacionadas a ciclos tectono-sedimentares. A análise estrutural, por sua vez, foi realizada no volume sísmico de Baixo Vermelho, que mostra, com clareza, a complexidade estrutural impressa na área, relacionada, principalmente, ao Sistema de Falhas de Carnaubais, que atua como um importante sistema de falhas de borda de rifte. Este sistema de falhas é caracterizado por um arranjo principal de falhas normais NE-SO, em que a Falha de Carnaubais representa a expressão máxima destes lineamentos. A Falha de Carnaubais corresponde a uma falha com geometria tipicamente lístrica, direcionada segundo o trend geral N70E, mergulhando para noroeste. Apresenta-se, ao longo de todo o volume sísmico, com variações em sua superfície, as quais condicionaram, em seus estágios evolutivos, a formação de inúmeras feições estruturais, que são comumente identificadas na Formação Pendência. Nesta unidade, parte das feições está relacionada à formação de dobramentos longitudinais (estrutura do tipo rollover e dobramentos distensionais associados), decorrentes do deslocamento do plano da falha principal, propiciando variações na geometria e espessura dos estratos adjacentes, os quais foram depositados sincronicamente. Outras feições estruturais estão relacionadas a falhamentos secundários, tanto sintéticos quanto antitéticos à Falha de Carnaubais. De uma maneira geral, estas falhas têm continuidade lateral limitada, com formato planar a lístrico e, aparentemente, desempenham o papel de acomodação da deformação distensional imposta na área. Assim, a interação entre as análises estratigráfica e estrutural, alicerçados pela excelente qualidade dos dados utilizados, permitiu obter um melhor entendimento sobre a evolução tectono-sedimentar do intervalo Valanginiano ao Barremiano (Formação Pendência) na área de estudo

ASSUNTO(S)

seção rifte análise estrutural geofisica análise estratigráfica levantamento sísmico

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