Análise crítica do programa de triagem neonatal para detecção de hemoglobinopatias em Dourados - MS

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Atualmente o processo de triagem neonatal para hemoglobinopatias é considerado um problema de saúde pública de âmbito mundial. Entre as patologias genéticas, as hemoglobinopatias merecem lugar de destaque. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que 270 milhões de pessoas em todo mundo carregam genes que determinam a presença de hemoglobinas anormais em várias combinações, com conseqüências que variam de quase imperceptíveis às letais. Embora estejam claros os benefícios da implantação do programa de triagem neonatal para as hemoglobinopatias, com detecção precoce e acompanhamento das famílias de neonatos portadores de tais patologias, é comum encontrar estudos que apontam falhas nesses programas. O estudo teve como objetivo avaliar a eficiência do programa de triagem neonatal para hemoglobinopatias no município de Dourados, estado do Mato Grosso do Sul. Para tal, aplicou-se um questionário a 32 famílias que possuíam filhos com hemoglobinopatias, detectadas no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2005. Também foram verificadas a prevalência das hemoglobinopatias e a cobertura do PTN (Programa de Triagem Neonatal) durante este período, através de dados colhidos junto ao SRTN (Serviço público de Referência em Triagem Neonatal). Das 242 ocorrências de hemoglobinopatias detectadas, a HbAS demonstrou prevalência de 1,37%, a HbAC de 0,37 e a HbAD de 0,007. O fenótipo mais prevalente HbAS encontrou-se com prevalência superior (81,2%) em neonatos com antecedentes negros, confirmando os relatos encontrados na literatura. Um aspecto bastante positivo encontrado, foi a cobertura do programa (81,4%), a qual apresentou-se como a maior relatada até agora em publicações científicas. Também foram encontrados alguns problemas relacionados a triagem neonatal das hemoglobinopatias no município. São eles: não convocação de 37,5% de pais para coleta de sangue para a realização do exame confirmatório; a ausência de encaminhamento médico em 9,37% dos participantes; a ausência de investigação do risco de recorrência de formas graves de hemoglobinopatias em outros filhos dos casais participantes; a falta de adesão ao teste de detecção de hemoglobinopatias verificada principalmente no pai das crianças (28%); a ausência de compreensão do AG (Aconselhamento Genético) por 44,8% dos responsáveis pelos recém nascidos que participaram da pesquisa; bem como a presença de analfabetização em 78,6% dos participantes que não compreenderam o Aconselhamento Genético. Como relatado acima, as falhas apontadas por este referem-se principalmente ao acompanhamento dos portadores de hemoglobinopatias, detectados pelo PNTN no município onde se deu a pesquisa. Verificou-se que algumas delas estão relacionadas ao atendimento fornecido pelos integrantes do programa, o que poderá ser solucionado por estes após implementações de ações corretivas internas. Outras delas estão diretamente associadas ao nível educacional da população, o que envolve questões mais complexas para serem resolvidas.

ASSUNTO(S)

triagem neonatal saúde pública public health ciencias da saude screening neonatal hemoglobinopathies hemoglobinopatias

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