Alterações da deglutição em pacientes com doença de Parkinson: associação com a clínica e estudo eletrofisiológico simultâneo com a respiração

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A alteração na deglutição em indivíduos com doença de Parkinson (DP) é parte dos sintomas não-motores desta doença e contribui para problemas de natureza física e social. Durante o acompanhamento ambulatorial, se faz necessária a utilização de ferramentas clínicas diagnósticas que forneçam dados sobre a evolução deste sintoma. O objetivo do presente estudo é propor uma padronização de escore do exame clínico da deglutição (ESED) em pacientes com DP com uma pontuação atribuída à cada parâmetro avaliado; verificar se existe correlação entre as queixas de deglutição e esta avaliação clínica; verificar a associação das queixas e do ESED com as características clínicas da DP, com a evolução e a gravidade da doença e com parâmetros vocais relacionados à respiração. Este estudo também objetivou investigar as características eletrofisiológicas simultâneas da deglutição com a respiração. A proposta final do ESED tem uma pontuação teórica que varia de 0 a 450 pontos, onde zero corresponde à deglutição sem nenhuma alteração. Foram avaliados 174 pacientes com diagnóstico de DP idiopática e não encontramos correlação entre o ESED e as queixas de alteração na deglutição. A bradicinesia foi o sintoma cardinal que mais se associou às alterações da fase oral e faríngea da deglutição, a rigidez teve associação com a fase faríngea enquanto que a instabilidade postural e a alteração da marcha tiveram forte associação com os parâmetros mais graves relacionados à disfagia. Os sintomas autonômicos não apresentaram associação com o ESED nem com as queixas de deglutição. Embora a ocorrência de sialorreia possa estar presente desde o inicio da doença, as manifestações mais graves de ineficiência do mecanismo de deglutição não foram observadas nas fases iniciais da doença. Na avaliação eletrofisiológica da coordenação da deglutição com a respiração, verificamos períodos de apneia prolongada durante a respiração espontânea e uma maior frequência da fase inspiratória no inicio da deglutição e imediatamente após a apneia. A busca pelo entendimento fisiopatológico das alterações de deglutição na DP podem contribuir para possíveis abordagens terapêuticas farmacológicas e cirúrgicas, mas sobretudo, são essenciais para o construto de bases teóricas robustas subjacentes às estratégias de reabilitação desta função

ASSUNTO(S)

medicina medicina neurociÊncia doenÇa de parkinson eletrofisiologia deglutiÇÃo

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