A religiosidade na voz de Pena Branca e Xavantinho

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/02/2012

RESUMO

Este estudo analisa a manifestação da religiosidade em algumas canções compostas e/ou interpretadas por Pena Branca e Xavantinho, observando a relação existente entre a expressão do sagrado e a poesia caipira. A análise do corpus (7 canções que fazem parte da discografia de dois homens simples do interior do Brasil) se revela um importante instrumento para a compreensão do imaginário humano, visto que, por meio da poesia cantada, dessas e de outras canções, esses artistas traduzem a variedade de crenças, culturas e histórias que fazem parte da tradição popular brasileira. Ao som da viola e com um jeito singelo de cantar e de viver, Pena Branca e Xavantinho inserem o sabor da terra à Música Popular Brasileira, interpretando composições de artistas consagrados no mundo da música brasileira, como Milton Nascimento e Chico Buarque, autores de Cio da Terra, canção considerada um divisor de águas na carreira dos irmãos, pois foi por meio dela que a dupla amplia o seu público e obtém visibilidade nacional. Pena Branca e Xavantinho se destacam ainda no cenário musical brasileiro por promoverem o resgate da música sertaneja raiz, em plena ditadura da música sertaneja moderna, conservando suas principais características, como a utilização da tradicional viola caipira, a preservação de temas que remetem à cultura rústica e a forma de cantar em dueto. Um dos elementos indissociáveis do contexto campesino, certamente, é a religiosidade, tema que se mostra recorrente no repertório musical desses artistas. Estudando-se a trajetória de vida dos irmãos, verifica-se que essa recorrência tem relação estreita com a ideologia religiosa que possui a dupla, caracterizada por um sincretismo religioso, no qual diferentes credos se dialogam em harmonia. Para a realização das análises, foram utilizados, como referencial teórico, estudiosos do imaginário, tais como Gilbert Durand, Carl Jung, Bachelard, Cassirer, bem como pesquisadores da religiosidade popular brasileira, como Carlos Brandão e Talles de Azevedo. O desenvolvimento deste trabalho obedeceu aos seguintes passos: leitura sobre a biografia de Pena Branca e Xavantinho e estudos sobre a trajetória da música sertaneja, buscando destacar o lugar ocupado pela dupla no universo musical sertanejo; estudo sobre os aspectos que permeiam a religiosidade, observando a sua presença nas canções sertanejas em geral e na música caipira; audição dos CDs gravados pelos irmãos e por Pena Branca, quando em carreira solo; seleção das canções que, à primeira vista, manifestaram a presença do tema religioso; análise do corpus selecionado. O resultado da pesquisa encontra-se organizado em três capítulos, nos quais se busca demonstrar a relevância de se estudar a produção artística popular, como a desses dois artistas de Uberlândia, pois é conhecendo o fazer literário do povo que se chega mais próximo de sua realidade. É pela voz de dois artistas de descendência afro, ligados ao campo, que se apreende um pouco do imaginário que recobre grande parte da população brasileira. O trabalho desenvolvido sobre a religiosidade na voz de Pena Branca e Xavantinho demonstra, pois, o quanto o sagrado ainda sobrevive na imaginação do ser humano, podendo se revelar de várias formas, até mesmo por intermédio da palavra ritmada caipira.

ASSUNTO(S)

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