A liberdade de ser, aprender e ensinar na escola cristã

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A educação cristã dialógica e libertadora é abordada aqui como espaço democrático na liberdade de ser, aprender e ensinar, valorizando a auto-formação em que os atores sociais nela envolvidos, sobretudo o docente, possam ser realmente o que são, com suas expressões autênticas, efetivas e libertadoras, como propõe Paulo Freire. Nesse sentido, buscou-se compreender a percepção que o professor tem de seus alunos e como isto influencia nas suas práticas em sala de aula. Estes professores estão inseridos numa escola cristã católica no Nordeste do Brasil, que tem como objetivo principal atender alunos em situação de vulnerabilidade social e está voltada para a educação formal desses alunos. Foi realizada uma investigação científica qualitativa do tipo etnográfica, constituída como um estudo de caso, em que o autor inseriu-se como pesquisador participante. Foram colaboradores deste trabalho doze professores, na qualidade de co-pesquisadores etnógrafos, que escolheram doze alunos em situação de vulnerabilidade social e, através da pesquisa etnográfica, puderam conhecer os contextos culturais desses estudantes. Esses professores participaram de um grupo de Terapia Cultural no modelo de George e Louise Spindler, em Círculos de Letramentos criados por Cavalcante Junior, onde puderam dialogar acerca da cultura dos alunos, bem como de sua própria cultura, e como esta influencia nos relacionamentos, sobretudo, em sala de aula. Durante a produção de dados e através dos encontros de Terapia Cultural, a reflexão foi inerente, sempre subsidiando as narrativas coletadas, que foram se alterando durante o trabalho de campo. Ademais, o diário de campo, as entrevistas semi-estruturadas e a análise documental foram utilizados para dar maior profundidade ao período da coleta de dados. Ao participarem do grupo de Terapia Cultural, os professores, em unanimidade, perceberam-se nos contextos dos alunos, resgatando seus próprios valores, compreendendo, enfim, como suas ações são interagidas pela cultura do outro. Essa intervenção metodológica propiciou aos professores a construção de si, pelas narrativas de suas vidas, como propõe Marie-Christine Josso, em atitude reflexiva retomada na conscientização das práticas escolar e pedagógica, visando a mudanças de comportamentos, atitudes e suposições. Isso tornou-os mais conscientes das realidades culturais, tanto aquelas trazidas pelo aluno como as alojadas no interior de cada docente participante desta pesquisa. Dessa forma, as abordagens narrativas e autobiográficas evocadas a partir da imersão no campo e das fotos apresentadas a cada encontro como, registro cultural, trouxeram para esses professores a possibilidade de novas compreensões acerca de suas práticas pedagógicas. Durante a terapeutização desse professor, oportunizou-se a rememoração de suas histórias de vida: sua infância, sua adolescência, sua formação inicial na docência, enfim, a reconstrução de si mesmos. Constitui-se, assim, a identidade do professor-sujeito em sua formação, sem prescindir da presença dos demais nesse construto. Por fim, foi significativa a contribuição desta experiência para o pesquisador mestrando, na qualidade de gestor escolar, pois à medida que avançava o processo da Terapia Cultural, a sua auto-reflexão tornava-se imprescindível. Como gestor-pesquisador-reflexivo, com a escuta ao professor de um outro lugar, na Terapia Cultural, romperam-se as hierarquias, permitindo a realização de uma escuta plena do grupo e da própria consciência do ser educador. Portanto, essa pesquisa, foi transformadora também para o pesquisador.

ASSUNTO(S)

educaÇÃo cristà - dissertaÇÕes psicologia social

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