A historia familiar e a obesidade na adolescencia : um estudo cllinico-qualitativo com adolescentes obesos
AUTOR(ES)
Regina Celia Lucizani Muller
DATA DE PUBLICAÇÃO
1999
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo estudar os aspectos da história familiar do adolescente obeso através da pesquisa qualitativa, tendo em vista maior compreensão dos fatores desencadeantes e mantenedores da obesidade, propondo-se ampliar a abordagem deste distúrbio alimentar. Para isto usou-se os parâmetros do método clínico-qualitativo e o instrumento da pesquisa foi a entrevista semi- estruturada. Foram entrevistados quatorze adolescentes pertencentes a doze famílias. O tratamento dos dados foi realizado seguindo se os conceitos da Análise de Conteúdo. Foram definidas quatro categorias temáticas o que permitiu a análise e a discussão dos seguintes itens: 1) A história familiar do adolescente obeso; 2) A importância da relação mãe-bebê, do processo de individuação e da função paterna na estruturação do sujeito e suas implicações na obesidade; 3) Sentimentos e concepções em relação à obesidade; 4) Demanda do paciente e família (expectativa em relação ao tratamento, motivo .de procura). Os resultados evidenciaram que, embora o componente genético estivesse presente, havia relevante interação de fatores ambientais, ressaltando-se os psicossociais. Entre estes encontrou-se: a existência de conflitos individuais e interpessoais não resolvidos no sistema familiar; a existência de dificuldades na relação mãe-bebê, desde o periodo da gravidez, que pode ter contribuído para o desenvolvimento de um padrão de interação relacionado com o hábito alimentar adquirido na infância e mantido até a adolescência; problemas com a figura paterna que, em muitos casos, apresentava conflito de ordem afetiva e era vista na família como figura fi-aca e submissa ou agressiva; com problemas de alcoolismo; baixa auto-estima e culpa no casal parental; dificuldade de algumas mães com a sua sexualidade, o que afetava o relacionamento do casal. Os adolescentes mostraram sentimentos de solidão, ansiedade, depressão e ilustração que, segundo o relato dos pais: já existiam na infância mas foram fortalecidos na adolescência; apresentavam-se inseguros, dependentes, com problemas de auto-estima e na esfera da sexualidade, sendo percebido, em alguns deles, o uso que faziam do alimento como substituto do afeto ou como conforto emocional. Foi verificado que a procura do tratamento baseou-se em demanda externa, sendo buscadas soluções imediatas e mágicas para resolução do problema. As entrevistas mostraram que os adolescentes tinham conhecimento sobre o que os faz engordar e até noções sobre o tratamento e as complicações da obesidade, mas isto não tinha sido suficiente para o emagrecimento. As conclusões deste estudo enfatizam não só os achados acima, mas também a importância do uso de métodos qualitativos quando o objeto do estudo é a compreensão de aspectos do relacionamento humano. Propõe-se uma abordagem do adolescente obeso, centrada na relação médico-adolescente-família que faz o adolescente sujeito de sua história e não, objeto de sua obesidade. Esta hipótese de trabalho pode ser realmente ampliada através de estudos baseados na pesquisa qualitativa
ASSUNTO(S)
familia adolescentes obesidade
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000188796Documentos Relacionados
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