A crise do setor sucro-alcooleiro e suas conseqÃÃncias para a reforma agrÃria na Zona da Mata de Pernambuco: uma anÃlise a partir da dÃcada de 90

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O objetivo desta dissertaÃÃo foi investigar as influÃncias da crise econÃmica do setor sucro-alcooleiro, bem como, o papel dos movimentos sociais de luta pela terra, sobre o processo de reforma agrÃria em andamento na Zona da Mata Pernambucana na dÃcada de 1990. Do ponto de vista metodolÃgico, estas questÃes foram estudadas atravÃs da bibliografia existente, da anÃlise de documentaÃÃo e dos dados primÃrios e secundÃrios colhidos junto aos ÃrgÃos pÃblicos, notÃcias veiculadas na imprensa e informaÃÃes disponÃveis nos sites da WEB. TambÃm foram realizadas entrevistas semi-estruturadas junto a pessoas do INCRA/PE e Fetape, bem como, com moradores do projeto de assentamento do Engenho Ubu, o que permitiu a percepÃÃo da realidade de um assentamento, alÃm do perfil dos assentados, seus objetivos e motivaÃÃes para ingressarem na busca pelo aceso ao direito de propriedade da terra. As observaÃÃes realizadas durante a visita ao Engenho Ubu serviram para corroborar as informaÃÃes obtidas nas outras fontes de dados mencionadas. Para consecuÃÃo dos objetivos da pesquisa, buscou-se caracterizar a trajetÃria da dominaÃÃo da agroindÃstria canavieira na regiÃo, onde desde o Brasil ColÃnia se desenvolveu o grande latifÃndio monocultor de cana-de-aÃÃcar. Ao longo do sÃculo XX, o setor canavieiro de Pernambuco enfrentou momentos de crise alternados com Ãpocas de bom desempenho, graÃas à variaÃÃo do mercado internacional. Como a atividade viveu por muitos anos sob proteÃÃo estatal, ao invÃs de investir em novas tecnologias de plantio e colheita, o produtor estendeu o territÃrio das plantaÃÃes, com o objetivo de aumentar a produÃÃo nos picos de mercado internacional favorÃvel. Essa prÃtica combinada com o avanÃo das reivindicaÃÃes por acesso à terra e direitos trabalhistas, na dÃcada de 50, ocasionaram a invasÃo da cana sobre os sÃtios e roÃados, base do sistema de morada, que aos poucos foi sendo extinto. A proletarizaÃÃo e migraÃÃo dos trabalhadores rurais para as Ãreas urbanas ocasionaram o contato dessas pessoas com os meios de comunicaÃÃo de massa e, principalmente, com organizaÃÃes que buscavam conscientizar os trabalhadores rurais de que formavam um contingente sem direitos reconhecidos na estrutura social na qual estavam inseridos. Mas a oportunidade destes empreenderem as transformaÃÃes sociais almejadas foi frustrada pela aÃÃo violenta do Estado, com o golpe militar de 1964. Por forÃa do contexto acima, a luta pela terra nÃo evoluiu durante a ditadura militar; no entanto, com o advento da Nova RepÃblica, os movimentos sociais do campo iniciaram em todo Brasil manifestaÃÃes reivindicando a reforma agrÃria. Esta pesquisa mostra que na Zona da Mata de Pernambuco, esse processo se deu um pouco mais adiante, no inÃcio da dÃcada de 1990, devido ao alto grau de dominaÃÃo exercido pela elite sucro-alcooleira atà entÃo. Nesse perÃodo, uma crise, que jà se avizinhava nos anos 80, se instalou com forÃa no seio da agroindÃstria canavieira, proporcionando as condiÃÃes sÃcio-econÃmicas para a atuaÃÃo dos movimentos sociais de luta pela terra (com supremacia do MST). Tais condiÃÃes podem ser traduzidas na abundÃncia de terras improdutivas, massa de trabalhadores desempregados e sem perspectivas e uma classe dominante enfraquecida polÃtica e economicamente. Os resultados da pesquisa mostram que estes fatos, aliados à descrenÃa na iniciativa do Estado, fizeram com que os movimentos sociais de luta pela terra tomassem as rÃdeas do processo, conscientizando e mobilizando milhares de famÃlias na regiÃo, atà que viabilizaram o inÃcio da reforma agrÃria nas terras dos engenhos de cana e das usinas de aÃÃcar e de Ãlcool, onde 53 mil hectares jà foram desapropriados

ASSUNTO(S)

reforma agrÃria/pe - problemÃtica - dÃcada de 90 sociologia

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