A adaptação em Vale Abraão : do romance de Augustina Bessa-Luis ao filme de Manoel de Oliveira

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

Questionando a prática da adaptação de textos literários para o cinema, neste trabalho se analisa Vale Abraão, fTuto da parceria entre a romancista portuguesa Agustina Bessa-Luís e o cineasta Manoel de Oliveira. Romance publicado em 1991 e posteriormente levado às telas em 1993, em Vale Abraão as possibilidades de reflexão sobre a adaptação se ampliam à medida em que se trata de uma releitura do mito da Bovary, agora transportada para o norte de Portugal pós-Revolução dos Cravos. Através da análise do ponto de vista, ou foco narrativo, nas duas realizações, percebeu-se a adoção, em ambos os casos, de uma postura antiilusionista que visa desnaturalizar aos olhos do leitor/espectador o discurso da ficção. No romance, é na presença de um narrador onisciente em 3 pessoa bastante peculiar que se distancia constantemente o leitor da história que é narrada. Já no filme, vários recursos concorrem para esse mesmo fim: a posição muitas vezes desprivilegiada assumida pela câmera, a representação anti-naturalista dos atores, a presença marcante de uma voz over em frequente assincronia com as imagens, etc. No ponto de vista adotado é possível perceber, também, uma concepção particular de adaptação orientando Vale Abraão em suas duas realizações - adaptar, agora, não mais significando, exclusivamente, a transposição de uma determinada história de um meio narrativo a outro. O que importa, no caso singular que aqui se escolheu analisar é tomar o texto literário a ser adaptado em sua especificidade discursiva, já que o texto, e não unicamente a história que por ele é veiculada, também é passível de ser filmado

ASSUNTO(S)

cinema - portugal literatura portuguesa adaptações para o cinema

Documentos Relacionados