Work Process of HIV/Aids: perspectives of healthcare professionals. / O processo de trabalho em HIV/Aids: a visão dos profissionais

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A fragmentação do trabalho em saúde, atualmente, tem sido muito estudada. Os estudos apontam que esta além de esvaziar o trabalho de sentido, gerando conseqüências emocionais para os profissionais, trás repercussões na vida dos pacientes, uma vez que, entre outras coisas, prioriza os aspectos técnicos do atendimento em detrimento dos aspectos psicossocias. Considerando que a infecção ao HIV trás desdobramentos psicossociais na vida da pessoa contaminada, a atuação voltada para estes aspectos torna-se primordial. Assim sendo, este estudo tem como objetivo recuperar a síntese do processo de trabalho em HIV/Aids a partir dos profissionais envolvidos neste processo. Dentro da abordagem de pesquisa qualitativa foram realizadas 10 entrevistas com profissionais da Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas do HC de Ribeirão Preto. Estas foram semi-estruturadas e realizadas segundo procedimentos de evocação-enunciação-verificação. As falas dos profissionais foram agrupadas conforme as semelhanças de seus conteúdos temáticos e analisadas à luz do materialismo histórico. Os dados mostraram que três Elementos constituem a síntese do processo de trabalho em HIV/Aids: Elementos de Competência Psicossocial; Elementos de Controle Sócio-Político e Administrativo; Elementos de Competência Técnica. Embora os profissionais estudados tenham privilegiado em suas reflexões os Elementos de Competência Psicossocial, a dicotomia entre habilidade técnica e competência psicossocial se faz presente na atuação. Todavia com novas configurações, pois não há a negação destes aspectos e estes não pareceram ser relegados a segundo plano. No entanto, as reflexões apontaram a dificuldade da atuação contemplando plenamente estes aspectos. Estas dificuldades embora tenham como fundamento a fragmentação do saber, conseqüentemente associam-se a estruturação do serviço que se liga às formas protocolares de controle do trabalho em todos os seus níveis. Desta forma, o trabalho se dá a partir da complementariedade de abordagens. Esta fragmentação, além de prejudicar a qualidade do atendimento prestado, dificulta o sentimento de apropriação do trabalho por parte do profissional. Assim sendo, consideramos que a sistematização da aprendizagem informal decorrente da atuação seria uma das alternativas para esta questão. Esta tornaria os profissionais mais ativos no processo de trabalho o que favoreceria a apropriação deste e tornaria a equipe de trabalho mais coesa, uma vez que juntos, os profissionais estariam construindo sua práxis. Além disto, este estudo nos deu a visibilidade que, em algumas situações, a relação estabelecida entre profissional e paciente propicia esta aprendizagem. No entanto, sabemos que a implementação de tal proposta não será fácil, haja visto que rompe com o modelo de atuação vigente e com a estruturação do ensino em saúde, no qual o saber é compartimentado não havendo espaço na atuação para os sentimentos dos profissionais nem dos pacientes. No entanto, observamos que estes sentimentos, entre outras coisas, tem que ser o pano de fundo da atuação. Desta forma, consideramos também, que se faz necessária a discussão em grupo dos sentimentos suscitados pela atuação, pois estes seriam socializados e discutidos entre pessoas que passam pelas mesmas vivências. Isto minimizaria os desdobramentos destes na vida dos profissionais e favoreceria a atuação voltada para os aspectos psicossociais.

ASSUNTO(S)

trabalho profissionais da saúde healthcare professionals hiv/aids hiv/aids work

Documentos Relacionados