Violência contra os idosos na perspectiva dos profissionais do Programa de Saúde da Família em Uberlândia - MG

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A violência contra os idosos é uma questão complexa que contribui para agravar suas condições de saúde. Esse tema, que na agenda da saúde é novo, torna-se cada vez mais relevante com o envelhecimento populacional, sobretudo no Brasil. Com o objetivo de avaliar conhecimentos de profissionais do Programa de Saúde da Família (PSF) sobre a violência contra os idosos, foram entrevistados 225 profissionais das 34 equipes do PSF de Uberlândia: 91 profissionais de nível superior (médicos, enfermeiros, psicólogos, dentistas, assistentes sociais, fisioterapeutas), 34 auxiliares ou técnicos de enfermagem e 100 agentes comunitários de saúde (ACS), sorteados entre os 202 existentes. A maioria dos profissionais eram do sexo feminino (193; 85,8%), adultos jovens e principalmente da faixa etária de 18 a 29 anos (88; 39,1%), com média de 34,6 anos e mediana de 33; 58,0% dos ACS tinham segundo grau completo; 17 (50%) auxiliares ou técnicos de enfermagem tinham concluído o curso técnico; 57,1% dos profissionais de nível superior tinham pós-graduação completa. A maioria não tinha formação em Saúde da Família (183; 81,3%); um dos médicos (3,1%) e quinze dos enfermeiros (44,1%) tinham especialização em saúde da família. Dos 225 entrevistados, 128 (56,9%) tinham mais de dois anos de atuação no PSF; 133 (59,1%) relataram nunca terem tido informações sobre violência contra os idosos. Dos 92 que já tiveram contato com o tema, 55 (59,8%) referiram ter ouvido palestras. Setenta e oito (34,7%) profissionais relataram não conhecer o Estatuto do Idoso e dos 147 (65,3%) que responderam conhecer pelo menos um pouco, 43 (29,3%) não se lembravam de artigos ou conteúdos do Estatuto e apenas seis (4,1%) mencionaram a necessidade dos profissionais denunciarem maus-tratos contra os idosos. Todos os entrevistados relataram interesse em obter informações sobre o tema de violência contra o idoso; 139 (61,8%) prefeririam obtê-los por meio de mini cursos e 181 (80,4%) justificaram o interesse pelo fato de o tema fazer parte de suas atuações profissionais. Cento e vinte dois (54,2%) profissionais relataram que já haviam suspeitado de casos de violência contra idoso; 85 destes (69,7%) referiram-se a casos de negligência; 23 (18,9%) fizeram denúncias aos órgãos competentes, dos quais 9 (39,1%) eram enfermeiros. Em situações hipotéticas, a maioria, mais de 70%, reconheceria como violência, porém somente uma pequena porcentagem notificaria. Apesar de a maioria (79,6%) ter identificado o conselho do idoso como órgão responsável por receber as denúncias, 81,0% não sabiam informar sobre sua atuação, pois nunca notificaram casos de violência; 91 (40,5%) relataram que nenhum motivo os impediriam de notificar casos de violência contra o idoso e entre os 134 restantes, 44 (32,8%) consideraram que a falta de informação é um dos impedimentos. Quase todos (93,8%) apontaram o ACS como o responsável por identificar as situações de violência e 44,2% consideraram que eles também seriam responsáveis por investigá-las; grande parte foi capaz de reconhecer os fatores de risco para os maus-tratos, mas muitos também identificaram, como fatores de risco, alguns considerados de proteção. A maioria (52,9%) referia que sempre ou quase sempre questionava ao idoso se ele era bem tratado pela família ou cuidador, porém 62,4% o faziam de forma sutil. Conclui-se que, entre os profissionais que trabalham no PSF, há uma grande lacuna de conhecimento e inadequação prática na atuação na temática da violência contra o idoso.

ASSUNTO(S)

saúde pública public health family health program maus-tratos ao idoso ciencias da saude elder abuse programa de saúde da família programa saúde da família (brasil) idosos - maus-tratos

Documentos Relacionados