Verdade em obra: arte e poesia na filosofia de Martin Heidegger

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

24/10/2011

RESUMO

A presente dissertação busca compreender de que modo se articula o pensamento acerca da arte e da poesia na filosofia de Martin Heidegger (1889-1976), mediante a leitura das conferências A origem da obra de arte e Hölderlin e a essência da poesia. A analítica acerca da arte e da poesia em Heidegger se dá de maneira totalmente desvinculada da apreciação estética e da crítica literária, pois o filósofo se distancia de qualquer maneira de lidar com a arte enquanto objeto de apreciação subjetiva do ser humano. Na ontologia fundamental de Heidegger, a obra de arte é vislumbrada em seu puro deixar-ser. É deixando que a obra seja obra, que esta poderá mostrar-se em sua essência. A obra, mais que uma coisa no sentido de um mero objeto para apreciação, é tratada aqui como lugar privilegiado do acontecimento da verdade. A obra de arte se configura como lugar do acontecimento da verdade, se caracterizando como o não-estar-encoberto do ente. Isto ocorre por que pela obra se apresenta um mundo em conflito com a terra. O mundo aparece como mundo histórico e a terra como o inumano em sua essência. Estas são duas forças opostas que se confrontam num combate essencial na obra de arte no qual um eleva-se e mostra-se tal qual é perante o outro. É na contenda deste combate que a verdade aparece essencializando-se na obra de arte. A verdade como não-encobrimento do ente proporciona a este último apresentar-se tal qual é. Este modo de apresentar o ente é o que os gregos chamavam Téchne, isto é, uma pro-dução autêntica onde o ser do ente se presenta. A arte também encontra-se no âmbito da Téchne, e a poesia, enquanto composição desveladora do ente pela palavra é, para Heidegger, o modo mais elevado da Téchne na medida em que projeta o ser-humano para o aberto no qual se encontra clareira e encobrimento. Pelo dito poético o ente é nomeado pela primeira vez. Tal nomear é um dizer desvelador, que só é possível de ser dito por aqueles que estão na ausculta ao ser, que, segundo Heidegger, são os poetas. Estes intermedeiam uma relação originária que há muito se perdeu, pois se colocam entre os que acenam para a verdade do ente, os deuses, e aos que, por serem constituídos de linguagem, tais acenos podem ser acessíveis, os homens. Os poetas são os guardiões destes acenos e possuem por missão anunciá-los a um povo histórico, fundando o habitar poético entre os homens.

ASSUNTO(S)

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