Uso e ocupação do solo e qualidade da água na bacia do córrego do Engenho, Viçosa, Minas Gerias / Land use and water quality on the Engenho stream watershed, Viçosa, Minas Gerais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Do total de água doce disponível na Terra, 70% correspondem às águas subterrâneas e apenas 3% correspondem às águas superficiais. No entanto, água disponível não é sinônimo de água potável. Segundo a Organização Mundial da Saúde, "água potável é aquela cuja qualidade a torna adequada ao consumo humano", devendo obedecer, no caso do Brasil, aos padrões de potabilidade determinados na Portaria n 518/04 do Ministério da Saúde. No meio rural, a água subterrânea é uma importante fonte de abastecimento, captada por meio de poços é geralmente consumida sem tratamento algum. Embora o manancial subterrâneo seja menos susceptível aos impactos do uso e ocupação do solo, comparativamente ao manancial superficial, sua contaminação não é visível, dificultando assim a identificação do problema. Quando a contaminação se torna perceptível, geralmente já atingiu uma larga extensão. Como reflexo deste quadro, os registros do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que 65% das internações hospitalares do país são devidas a doenças de veiculação hídrica. Neste contexto, o uso e ocupação do solo e a qualidade da água foram investigados na bacia do Córrego do Engenho, localizada no município de Viçosa, na Zona da Mata de Minas Gerais, pelo consumo humano da água do lençol freático, por meio de poços, em sua comunidade rural. Neste sentido, a pergunta que norteou essa pesquisa é: a água consumida na bacia do Córrego do Engenho é potável? O objetivo principal foi avaliar a qualidade físico-química e microbiológica da água e relacioná-la ao uso e ocupação do solo na bacia do Córrego do Engenho, visando identificar as principais fontes de contaminação. Para tanto, foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas para investigar a realidade socioeconômica e ambiental dos moradores da bacia; foram elaborados mapas de localização, do uso e ocupação do solo e do fluxo da água subterrânea, e o modelo digital de elevação da bacia. Foram realizadas 4 campanhas, nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2008, para medição do nível do lençol freático dos poços e para coleta de água em 15 pontos: uma nascente, dois açudes, um córrego e onze poços freáticos. Os indicadores de qualidade da água analisados foram: pH, temperatura, turbidez, DBO, OD, fosfato, nitrato, sólidos totais, Coliformes totais, fecais e Escherichia coli. Os resultados foram comparados com oslimites definidos pela Portaria 518/04 do Ministério da Saúde e pela Resolução 357/05 do CONAMA. Com base nesses indicadores foi calculado o índice de qualidade água (IQA) para cada ponto de coleta. Foram realizados ainda seis ensaios para obter o coeficiente de permeabilidade dos solos próximos aos poços. Como resultados, predominam na bacia áreas de pastagens e a atividade agrícola mais expressiva é a olericultura, seguida do cultivo de milho, feijão e café. Foram observados 1 canil e 2 fossas em altitude mais elevada que a de poços e maioria desses à curta distância das fossas, além de uma residência sem fossa. No entanto, a maior fonte de contaminação das águas superficiais e subterrâneas da bacia provém da prática da suinocultura que despeja diretamente os dejetos em um dos açudes. Foi detectada contaminação da água em poços com solos de permeabilidade considerada ruim devido ao nível elevado do lençol freático. Dentre os poços escavados, 60% apresentaram qualidade ruim e 40% qualidade regular. Dentre os poços tubulares, 50% apresentaram qualidade boa e 50% qualidade ótima. Todos os pontos próximos ao curso do córrego à jusante da pocilga podem ser considerados de qualidade ruim e péssima. Portanto, respondendo à pergunta inicial, é possível inferir que a água consumida na bacia do Córrego do Engenho não é potável em 72,72% dos poços, todos estes contaminados por Escherichia coli. A questão da água potável é delicada e séria. É um tema que não se restringe apenas a técnicos e governantes, mas também à população em geral que, ao mesmo tempo em que causa a contaminação, sofre suas consequências.

ASSUNTO(S)

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