Uso da Thuya occidentalis no tratamento da papilomatose bovina: aspectos clínicos, histopatológicos e moleculares
AUTOR(ES)
Vanda Lucia da Cunha Monteiro
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
A papilomatose viral bovina é uma enfermidade infecto-contagiosa que apresenta alta prevalência em bovinos leiteiros, causando consideráveis perdas econômicas para este setor. Com o objetivo de contribuir com a pesquisa terapêutica para esta virose, este trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia de Thuya occidentalis, no tratamento da papilomatose cutânea em bovinos leiteiros, por meio dos aspectos clínicos, histopatológicos e moleculares. Esta pesquisa foi dividida em 4 experimentos. Foram incluídas nos experimentos fêmeas mestiças de holandês nulíparas, primíparas e multíparas, apresentando diferentes tipos de papilomas cutâneos (típicos, atípicos, atípicos engastados, filamentosos e mistos) e de graus assim definidos para este estudo: leve (25% do corpo acometido), moderado (50% do corpo acometido) e intenso (mais de 50% do corpo acometido). Os animais mantiveram-se em sistema semi-intensivo de criação e foram distribuídos aleatoriamente em grupos, com dez animais cada. Nos experimentos I e II, os animais foram divididos em 4 grupos, onde os grupos 1 e 2 receberam solução de cloreto de sódio a 0.9% e álcool de cereal, respectivamente, sendo estes considerados controles, e os grupos 3 e 4 receberam os medicamentos fitoterápicos Thuya occidentalis (Simões) tintura mãe (T.M.) a 30% e Thuya occidentalis tintura mãe a 30% com própolis, respectivamente. Os animais receberam, diariamente por via oral, 10mL dos produtos durante 63 dias. Para avaliação histopatológica, 50% dos animais foram submetidos à biópsia cutânea das lesões no momento zero (M0) e no momento final (MF). Nos presentes experimentos, as regressões parcial e total não foram observadas em nenhum grupo, uma vez que durante as avaliações clínicas e histopatológicas, em todos os momentos e grupos, os papilomas não apresentaram alterações macroscópicas de remissão, coloração e consistência. Nas análises histopatológicas verificaram-se alterações hiperplásicas epiteliais e conjuntivas, com extenso crescimento vegetativo do epitélio com cristas epidérmicas extensas e profundas, estes resultados caracterizam fase de desenvolvimento com replicação e síntese viral, sendo um achado característico de papilomatose. Pode-se concluir que a papilomatose cutânea em bovinos leiteiros apresenta predileção por áreas específicas. Os papilomas estavam mais presentes no abdômen lateral, barbela e focinho,apresentando lesões mistas seguidas de basais e que o uso das tinturas a 30% de Thuya occidentalis (Simões) e Thuya occidentalis com própolis, nas condições experimentais utilizadas nestes estudos, não provocam remissão de papilomas em bovinos leiteiros. No experimento III utilizou-se o medicamento homeopático Thuya occidentallis CH6. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 3 grupos. Os grupos 1 e 2 receberam solução de NaCl 0.9% e álcool de cereal, respectivamente, sendo estes considerados controles, e o grupo 3 recebeu a Thuya occidentalis CH6 na forma de tratamento. Para os três grupos a administração foi diária, sendo 10 mL por via oral, durante 63 dias. Para avaliação histopatológica, os animais foram submetidos à biópsia cutânea dos papilomas, no momento zero (M0) e no momento final (MF). De acordo com os dados obtidos, as regressões parcial e total ocorreram apenas no grupo 3 (Thuya occidentalis CH6), observando-se queda das verrugas em 20% dos animais deste grupo, além de regressão parcial em 80% nos animais restantes, com alterações macroscópicas de coloração e tamanho, achado este confirmado pelo exame histopatológico. Na análise histológica observou-se redução da camada espinhosa em todos os animais do grupo tratado (G3), evidenciando-se redução nas camadas epiteliais, com tecido conjuntivo da papila dérmica apresentado fibroblastos ativos e capilares e raras células inflamatórias linfocitárias. Concluindo-se que a Thuya occidentalis CH6 contribuiu no tratamento de papilomas pedunculados em bovinos, podendo ser indicada na presença desta infecção. Estudos com a Thuya occidentalis CH6 devem ter continuidade com bovinos portadores de papilomas basais, com período de tratamento superior a 63 dias. O experimento IV teve como objetivo identificar o BPV-2 em amostras de verrugas cutâneas de bovinos, utilizando a Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR). Utilizando-se os primers gerais (FAP59/64 e MY 11/09) e específico para BPV-2 obteve-se uma positividade de 33 (82,5%) das 40 amostras analisadas. De acordo com os resultados obtidos, conclui-se que a presença da BPV no Estado de Pernambuco está em concordância com os achados mundiais, destacando-se a importância do diagnóstico no controle da infecção e, conseqüentemente, adoção de uma terapia específica. Estes resultados enfatizam as propriedades terapêuticas do medicamento homeopático Thuya occidentallis CH6, concluindo-se que o seu uso contribuiu no tratamento da papilomatose cutânea em bovinos, ressaltando a necessidade de estudos por períodos superiores a 63 dias com a Thuya occidentalis fitoterápica em bovinos portadores de papilomatose cutânea, e as dosagens séricas de AST, GGT, uréia e creatinina revelaram que a planta utilizada neste estudo, durante 63 dias, não foi capaz de causar alterações hepáticas e renais em bovinos com papilomatose cutânea.
ASSUNTO(S)
papilomatose bovina thuya occidentalis histopatologia reação em cadeia pela polimerase (pcr) medicina veterinaria bovine papillomatosis histopathology polimerase chain reaction (pcr)
ACESSO AO ARTIGO
http://200.17.137.108/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=784Documentos Relacionados
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