Uma poética da naturalidade: ecos de Manuel Bandeira nas crônicas de Rubem Braga

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A crônica de Rubem Braga se apresenta como uma das mais marcantes da literatura brasileira moderna. Parte significativa dessa autoridade advém do lirismo que Braga impingiu à sua prosa. Poeta das ruas, ele tinha a sensibilidade aguçada para captar a beleza fugaz, estivesse ela nas mulheres ou nos fatos corriqueiros. A linguagem informal do texto, com ares de batepapo, disfarça um alto grau de complexidade. O crítico Davi Arrigucci Jr. identificou no estilo do cronista semelhanças com a poética de Manuel Bandeira, a qual batizou de humilde. O objetivo central deste trabalho é testar as proximidades e limites da relação entre as crônicas de Braga e os poemas de Bandeira. A investigação será realizada em torno de três aspectos, nos quais enxergamos similaridades lexical (sintaxe direta e elocução informal), literária (epifania como procedimento de construção do texto) e temática (destaque ao cotidiano e à figura da mulher). Ao longo da análise, verificamos que o discurso dos dois escritores se reveste de uma simplicidade aparente, que escamoteia um meticuloso processo de elaboração da linguagem. São marcas poéticas disfarçadas de prosaísmo. Dado o nível de elaboração por meio do qual esse traço de espontaneidade é obtido, passamos a nos referir ao estilo como poética da naturalidade. O estudo estará fundamentado em dois tipos de análise: estilística isto é, nos arranjos de linguagem e seus elementos sonoros, sintáticos e semânticos; e do discurso. A análise estilística fornece os elementos necessários para examinarmos o uso de recursos próprios da poesia nas crônicas de Braga. A análise do discurso permite contemplar a visão de mundo que existe por detrás da construção poética e explorar as possíveis significações sugeridas pelo texto. Ao combinar essas duas formas de investigação, pretendemos oferecer uma leitura mais abrangente da narrativa poética de Rubem Braga. Para a fundamentação conceitual, recorremos tanto à chamada escola formalista russa Roman Jakobson, Yuri Tynianov e Victor Chklóvski quanto aos estudos desenvolvidos por Mikhail Bakhtin, por acreditarmos tratarem-se de linhas complementares além das providenciais leituras das obras de Braga e Bandeira feitas por críticos brasileiros

ASSUNTO(S)

literatura comparada rubem braga bandeira, manuel -- 1886-1968 -- critica e interpretacao chronicle narrativa poética braga, rubem -- 1913-1990 -- critica e interpretacao cronicas brasileiras crônica manuel bandeira analise do discurso literario poetic narrative

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