Tumores carcinóides do cólon: estudo clinicopatológico de 23 doentes de uma única instituição
AUTOR(ES)
Waisberg, Daniel Reis, Fava, Antonio Sergio, Martins, Lourdes Conceição, Matos, Leandro Luongo, Franco, Maria Isete Fares, Waisberg, Jaques
FONTE
Arquivos de Gastroenterologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009-12
RESUMO
CONTEXTO: Carcinóides cólicos, excluindo aqueles que se originam no apêndice cecal, são extremamente raros. Devido a esta raridade, as características e comportamento desta neoplasia permanecem indefinidas. OBJETIVO: Rever as características clinicopatológicas de doentes operados por carcinoma cólico. MÉTODO: Vinte e três doentes (12 homens e 11 mulheres) foram operados. A média de idade dos doentes foi de 63,0 ± 12,9 anos (42 a 85 anos). Os dados clínicos e histopatológicos dos doentes com diagnóstico patológico de tumor carcinóide e submetidos ao tratamento cirúrgico no período de 30 anos (1977-2007) foram obtidos a partir dos prontuários. A sobrevivência atuarial dos doentes foi estimada pelo método de Kaplan-Meier, considerando-se como óbito específico aquele devido ao tumor carcinóide. Resultados - A média de tempo decorrida entre o início dos sintomas e o tratamento cirúrgico foi de 8,3 meses (1,5 a 20 meses). O sintoma mais frequente encontrado foi dor abdominal seguida por anorexia ou perda de peso, diarréia, massa abdominal palpável e sangramento pelo reto. Não foram observados doentes com síndrome carcinóide. A lesão estava localizada no ceco em 16 (69,6%) doentes, no cólon sigmóide em 3 (13,0%), no colo ascendente em 3 (13,0%) e no cólon transverso em 1 (4,3%). Vinte e um (91,3%) doentes foram operados com intenção curativa. Disseminação da doença para o fígado e peritônio foi encontrada em dois (8,7%) doentes que foram submetidos ao desvio intestinal. A média do tamanho das lesões intestinais foi 3,7 ± 1,2 cm (1,5 a 6,2 cm). Lesões múltiplas (duas ou mais) ocorreram em três (13,0%) casos. Nas lesões ressecadas, os linfonodos estavam comprometidos em 10 (47,6%) e livres em 11 (52,4%). Invasão venosa e infiltração neural estavam ambas presentes em cinco (23,8%) doentes. A neoplasia penetrava a muscularis propria em todos as lesões ressecadas. Quatro (17,4%) doentes apresentaram outra neoplasia maligna primária. Três (13,0%) doentes faleceram devido a complicações pós-operatórias e outros cinco (21,7%) morreram devido às metástases metacrônicas ou recidiva local. Quinze doentes (65,2%) permanecem vivos e sem sinais de doença ativa. A média do período de seguimento foi de 12 anos (1,2 a 18 anos), a média de tempo de sobrevivência foi de 50,7 ± 34,2 meses e o índice de sobrevivência de 5 anos foi 62.7%. CONCLUSÕES: Os tumores carcinóide do cólon localizam-se, geralmente, no cólon direito e podem ser clinicamente ocultos até que atinjam estádios avançados. Devido ao índice relativamente baixo de sobrevivência, é recomendado que, além da ressecção cirúrgica padronizada, seja realizada vigilância intensa para doença metastática, especialmente durante os 2 primeiros anos após a operação. Doentes com carcinóide do cólon necessitam de avaliação de todo o trato gastrointestinal para verificar a presença de outras neoplasias malignas primárias, além de seguimento pós-operatório por período maior de tempo, pois a recidiva após 5 anos não é incomum.
ASSUNTO(S)
neoplasias colorretais tumor carcinóide carcinoma neuroendócrino
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