Tumor de Wilms : características clínicas e cirúrgicas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Introdução: O tumor de Wilms (TW) é o tumor renal maligno mais comum na infância. O conhecimento de certas características clínicas e a realização de procedimentos cirúrgicos adequados podem ter impacto no prognóstico desta doença. Objetivo: Avaliar as características clínicas e cirúrgicas com importância prognóstica nos pacientes atendidos no Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Pacientes e Métodos: Estudo de coorte histórica dos pacientes com Tumor de Wilms (TW) tratados no HCPA entre 1989 e 2005. Foram revisados prontuários de pacientes com diagnóstico de TW com coleta de informações de características demográficas e do tratamento clínico e cirúrgico. A sobrevida global (SG) em 5 anos foi analisada pelo método de Kaplan-Meier. Resultados: Foram incluídos no estudo 56 pacientes consecutivos, sendo 31 do sexo feminino. A média de idade dos pacientes foi de 4 anos (0,5 -17 anos), com mediana de 3,5 anos. Quanto ao estadiamento, 5,10,26,10 e 5 eram estádios I, II III, IV e V, respectivamente. Quarenta e três pacientes apresentaram como principal sintoma inicial massa abdominal palpável; 59% dos pacientes tinham tamanho tumoral ao diagnóstico >10 cm. Hematúria foi observada em 5 pacientes, dor abdominal em quatro pacientes, febre em 2 pacientes; hipertensão arterial em 1 paciente e aumento do volume testicular em 1 paciente. Foram realizadas 41 biópsias para diagnóstico histológico. Cinqüenta e dois pacientes foram submetidos à cirurgia de ressecção tumoral e 4 foram considerados irressecáveis. A média de tempo entre o início do primeiro ciclo de quimioterapia e a cirurgia foi de 15 semanas. Foram realizados 43 nefrectomias totais, 5 nefrectomias parciais e 4 nefrectomia total + parcial contralateral. Em 5 pacientes havia doença microscópica nas margens cirúrgicas.Linfonodos livres de doença foram encontrados em 32 pacientes, comprometidos em 9; não havia relato de realização de biópsia em 11. Durante o ato operatório, 38 pacientes foram submetidos à avaliação do rim contra-lateral através da palpação e em 13 relatos de cirurgia não foram encontradas descrições sobre a realização deste procedimento.Houve relato de ruptura tumoral em 1 paciente; em dez prontuários havia registro de ausência de ruptura tumoral e em 41 prontuários não havia qualquer menção quanto à presença ou ausência desta complicação. A histopatologia confirmou 45 casos de histologia favorável e os demais de histologia desfavorável. A SG foi de 69%, 71%, 79%, 50% e 40% para os estádios I, II, III, IV e V, respectivamente (P=0,21). A SG foi de 64% e 70% para pacientes com idade superior e inferior a 4 anos, respectivamente (P=0,6). A SG para pacientes que realizaram cirurgia após a 6ª semana foi de 65,2% enquanto os que realizaram antes da 6 semana foi de 73% (P=0,7). Conclusão: Os resultados apresentados permitem concluir que os pacientes estudados apresentam características demográficas gerais semelhantes aos da literatura.Considerando-se que em um número expressivo de pacientes observou-se falta de aderência a certas etapas do procedimento cirúrgico, incluindo ausência de biópsia de linfonodos e atrasos na realização da ressecção tumoral, os autores recomendam que o cirurgião pediátrico tenha uma participação mais efetiva na equipe multidisciplinar e na elaboração das rotinas do protocolo cirúrgico para pacientes com TW.

ASSUNTO(S)

tumor de wilms cirurgia

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