Tuberculose: conhecimentos, representações sociais e experiências da doença na visão do portador / Tuberculosis: knowledge, social representations, and experience with the disease considering the carrier perspective

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A tuberculose, considerada uma das mais antigas doenças que acometem a humanidade, cujos registros datam desde o ano 3900 antes de Cristo, atualmente constitui-se, no cenário mundial, como um grave problema de saúde pública, reflexo da má distribuição de renda e conseqüente precariedade das condições de vida, dentre outros fatores. Nesse sentido, desenvolveu-se um estudo exploratório e descritivo, com o objetivo de analisar as representações sociais da tuberculose pelos usuários das Unidades de Saúde da Família do Município de Campina Grande-PB, frente à descentralização das ações de controle da doença. Entrevistou-se 34 doentes de Tuberculose que realizaram tratamento no período de 2007 a 2008. A faixa etária dos entrevistados variou entre 10 e 60 anos, com predomínio dos 36 aos 60 (58,8%, n=20); em seguida, adulto jovem e adulto (21- 35 anos), com 11 (32,3%) respondentes e, em menor freqüência, a faixa correspondente a crianças e adolescentes (11-20 anos), com 03 (8,8%) participantes. Os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada. As questões norteadoras foram elaboradas com base nas recomendações operacionais propostas pela Estratégia DOTS, a saber: acesso aos exames laboratoriais; garantia de medicamentos; tratamento diretamente observado. Além disso, foram consideradas as experiências do usuário nas relações familiares e com os diferentes grupos sociais. A análise do material discursivo foi submetida ao software Analyse Lexicale par Context dun Ensemble de Segments de Texte - ALCESTE 4.7. A interpretação dos dados apontou cinco categorias temáticas em que estão organizadas as representações sociais relacionadas aos doentes de tuberculose atendidos na estratégia DOTS: 1) A acessibilidade sobre o atendimento nos serviços de saúde; 2) A doença entendida pelos usuários; 3) A mudança de funcionamento na vida produtiva; 4) Os sinais e sintomas de estar doente com tuberculose; 5) Os rearranjos e mecanismos de enfrentamento. O Núcleo Central evidenciou a compreensão da tuberculose como uma doença transmissível que pode ser prevenida através de práticas educativas, promoção da saúde, busca ativa de sintomáticos respiratórios, controle dos comunicantes; mecanismos que devem estar incorporados à rotina de atividades de todos os membros das equipes de saúde da família. Os Elementos Intermediários, ancorados no cotidiano, e experiências individuais dos doentes de tuberculose, apontam questões relacionadas a atitudes e crenças circundadas pelo preconceito, levando ao isolamento, bem como à restrição dos relacionamentos interpessoais. Os Elementos Periféricos foram constituídos por temas cercados por sentimentos de indignação do doente de tuberculose frente às barreiras encontradas nas Unidades Básicas de Saúde da Família durante o tratamento. Estes elementos denotam um conteúdo negativo da representação quanto à acessibilidade, a saber: estrutura inadequada dos serviços de saúde; distância para o Centro de Referência (Centro de Saúde), o que dificulta a continuidade do atendimento; demora no agendamento e resultados dos exames; limitação dos serviços em responder a outras demandas (médico, dentista, entre outras). Espera-se contribuir para a construção de uma nova perspectiva da questão saúde entre os diferentes agentes que fazem as instituições assistenciais e de formação de profissionais, seja em âmbito central ou local.

ASSUNTO(S)

tuberculose pulmonar descentralização saúde da família terapia diretamente observada pesquisa em enfermagem enfermagem lung tuberculosis decentralization family health directly observed therapy research in nursing

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