Tricotecenos em milho : otimização e avaliação de metodo analitico utilizando cromatografia a gas associada a espectrometria de massas e levantamento da incidencia em milho e em produtos de milho no estado de São Paulo / Trichothenes in corn : optimization and evaluation of analytical method using a chromatography gas mass spectometry and incidence survey in corn and corn products in the state of São Paulo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Um bom número de espécies de fungos pode, sob condições especiais, produzir metabólitos secundários tóxicos conhecidos como micotoxinas. Cerca de 20 grupos de toxinas são conhecidos hoje, porém, algumas têm recebido atenção especial devido à sua toxicidade e ampla ocorrência natural: aflatoxinas, zearalenona, ocratoxina A, fumonisinas e tricotecenos. Os tricotecenos constituem um grupo de cerca de mais de uma centena de compostos caracterizados pela presença do sistema 12,13-epoxi-tricotec-9-eno em suas estruturas. A maior parte dos tricotecenos conhecidos foi isolada apenas em laboratório, porém, alguns deles foram obtidos e caracterizados como contaminantes naturais. Dentre estes podem ser citados o desoxinivalenol (DON), o nivalenol (NIV), a toxina T-2 (T2), o diacetoxiscirpenol (DAS) e menos freqüentemente os derivados 3-acetil-desoxinivalenol (3-Ac-DON) e 15-acetildesoxinivalenol (15-Ac-DON), a fusarenona-X (FX) e a toxina HT-2 (HT2). Entre todos, o DON é o de maior ocorrência em alimentos e rações animais, porém é também o menos tóxico. Apesar do milho (Zea Mays) ser um dos substratos mais susceptíveis a este tipo de contaminação, há poucos dados sobre o milho brasileiro. Brasil é o terceiro colocado quanto à produção mundial de milho, colhendo ao redor de 30 milhões de toneladas por ano e, portanto, um cereal com grande impacto na economia brasileira. Estes fatos apontam a necessidade de avaliar a extensão e o tipo de contaminação de tricotecenos em milho nacional. Por outro lado, a similaridade das estruturas químicas dos tricotecenos exige o uso de cromatografia com alto poder de resolução para sua separação como é como é o caso da cromatografia à gás. As diferentes toxicidades para os diversos membros do grupo requer, por sua vez, que a identidade de cada toxina seja confirmada por um sistema de alta confiabilidade como a espectrometria de massas. o presente trabalho visou avaliar a incidência de tricotecenos em milho plantado no estado de São Paulo e em produtos de milho comercializados na cidade de São Paulo. Dentre os tricotecenos, DON e NIV foram escolhidos devido a maior freqüência com que são encontrados em todo o mundo. As toxinas DAS, HT2 e T2 foram incluídas devido às suas maiores toxicidades e ocorrência natural comprovada em alimentos e rações. Para alcançar os objetivos descritos foi inicialmente avaliado método para determinação simultânea destes 5 tricotecenos por cromatografia à gás associada à espectrometria de massas. O método analítico após otimização e avaliação apresentou limites de detecção variando de 20 a 60 ng/g para DON, de 10 a 40 ng/g para NIV, de 20 a 120 nglg para DAS, de 20 a 50 ng/g para HT2 e de 20 a 100 ng/g para T2, de acordo com a as matrizes testadas (milho em grão, milho verde em lata, farinha de milho, canjica, fubá e flocos de milho). Da mesma forma, as recuperações variaram de 83 a 113% para DON, de 84 a 115% para NIV, de 69 a 123% para DAS, de 82 a 155% para HT2 e de 71 a 96% para T2. Foram analisadas 80 amostras de milho produzido em duas cooperativas do estado de São Paulo, tendo sido encontradas 11 amostras contendo NIV e uma com DON em nível de traços. Além disso, cinco amostras apresentaram NIV em níveis variando de 51 a 106 ng/g e uma delas co-contaminada com 71 ng/g de DON. Foram também analisadas 78 amostras de produtos de milho comercializados na cidade de São Paulo, sendo que uma delas, farinha de milho, apresentou traços de DON e NIV e outra, quirera, apresentou 555 ng/g e 767 ng/g de toxinas T2 e HT2, respectivamente. Os resultados obtidos nos levantamentos realizados nos anos de 2000 a 2002, mostram baixa ocorrência de tricotecenos, não havendo risco para a população no consumo destes produtos. Devido à sazonal idade da contaminação por micotoxinas em alimentos, conclusões mais amplas só serão possíveis após vários anos de observação da presença dessas toxinas em milho plantado no estado de São Paulo e produtos de milho comercializados na cidade de São Paulo

ASSUNTO(S)

cromatografia de gas espectrometria de massa mass spectometry tricotecenos corn corn products trichothenes a gas chromatography milho - produtos

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