Tratamento farmacológico da dor neuropática central: consenso da Academia Brasileira de Neurologia

AUTOR(ES)
FONTE

Arq. Neuro-Psiquiatr.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-11

RESUMO

RESUMO Introdução: A dor neuropática central (DNC) é frequentemente refratária às estratégias terapêuticas disponíveis e há poucas opções de tratamento baseado em evidência. Muitos pacientes com dor neuropática não são diagnosticados ou tratados adequadamente. Desse modo, recomendações baseadas em consenso, adaptadas à disponibilidade de medicamentos no país, são necessárias para guiar decisões clínicas. Objetivo: Desenvolver recomendações para o tratamento da DNC no Brasil. Métodos: Revisão sistemática, metanálise e discussão dos resultados entre especialistas e pesquisadores da área, considerando eficácia, perfil de eventos adversos, custo e disponibilidade do fármaco na saúde pública. Resultados: Foram encontrados 44 estudos sobre tratamento da DNC, dos quais 20 foram incluídos na análise qualitativa e 15, na quantitativa. Classificaram-se as medicações em primeira, segunda e terceira linhas de tratamento, baseando-se em revisão sistemática, meta-análise e opinião de especialistas. Como primeira linha, foram incluídos gabapentina, duloxetina e antidepressivos tricíclicos. Como segunda, venlafaxina, pregabalina para DNC secundária à lesão medular, lamotrigina para DNC pós-acidente vascular cerebral e, em associação aos fármacos de primeira linha, opioides fracos, em particular tramadol. Para os pacientes refratários, opioides fortes (metadona e oxicodona) e canabidiol/delta-9-tetrahidrocanabinol foram classificados como terceira linha de tratamento, em associação com drogas de primeira ou segunda linha, e, para DNC na esclerose múltipla, dronabinol. Conclusões: Os estudos que abordam o tratamento da DNC são escassos e heterogêneos, e parte significativa das recomendações é baseada em opiniões de especialistas. A abordagem da DNC deve ser individualizada, levando em conta a disponibilidade de medicação, o perfil de efeitos adversos, incluindo risco de dependência e as comorbidades do paciente.

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