Tratamento da hepatite C em pacientes com doença renal crônica e pós-tranplante renal: eficácia e segurança dos esquemas de antivirais de ação direta contendo sofosbuvir

AUTOR(ES)
FONTE

Arq. Gastroenterol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-02

RESUMO

RESUMO CONTEXTO: Os antivirais de ação direta revolucionaram o tratamento da hepatite C, inclusive para os pacientes com doença renal crônica (DRC), porém ainda há divergências no emprego do sofosbuvir (SOF) quando taxa de filtração glomerular (TFG) <30 mL/min. OBJETIVO: Avaliar a eficácia e segurança desses esquemas no tratamento da hepatite C em pacientes com DRC e pós-transplante renal, além de avaliar o impacto do SOF sobre a função renal dos não-dialíticos. MÉTODOS: Todos os pacientes com hepatite C e DRC ou transplante renal que realizaram tratamento com antivirais de ação direta em centro referenciado do Brasil no período de janeiro/2016 a agosto/2017 foram incluídos. A eficácia foi avaliada por meio da carga viral (HCV-RNA), considerando-se cura uma resposta virológica sustentada (RVS) com resultado indetectável após 12 e/ou 24 semanas do término do tratamento (RVS12 e RVS24). A segurança foi determinada pelos eventos adversos e a ribavirina, quando associada, foi introduzida de forma escalonada em todos os pacientes com TFG <60 mL/min. Para determinação do impacto do SOF sobre a função renal, foram observadas as dosagens de creatinina basal, durante e após término do tratamento com seu incremento avaliado por meio da classificação de AKIN (acute kidney injury network). RESULTADOS: Foram incluídos 241 pacientes, sendo 52,7% do sexo feminino, com média de idade de 60,72±10,47 anos. A associação de SOF+daclatasvir predominou em 75,6% dos casos e anemia esteve presente em 28% dos pacientes que utilizaram ribavirina (P=0,040). As taxas de RVS12 e RVS24 foram de 99,3% e 97,1%. O tratamento foi bem tolerado, com eventos adversos pouco relevantes, sendo os mais prevalentes: astenia (57,7%), prurido (41,1%), cefaleia (40,7%) e irritabilidade (40,2%). Entre os pacientes em tratamento conservador e transplantados renais, os valores de creatinina sofreram oscilações AKIN I em 12,5% dos casos, durante o tratamento, persistindo em apenas 8,5% da amostra após o término, dos quais 2,0% apresentavam TFG <30 mL/min inicialmente, com queda para 1,1% após uso do SOF. Apenas 0,5% e 1,6% evoluíram com elevação AKIN II e AKIN III. CONCLUSÃO: Os antivirais de ação direta foram seguros e eficazes em pacientes com DRC tratados com esquemas contendo SOF, apresentando altas taxas de RVS, boa tolerabilidade e poucos eventos adversos graves. A associação com ribavirina aumentou o risco de anemia, portanto sua introdução de forma escalonada parece ser útil nos pacientes com TFG <60 mL/min. Em pacientes com TFG <30 mL/min o SOF não apresentou impacto renal significativo, com creatinina sérica retornando a valores próximos ao basal após o tratamento.

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