Tratamento adjuvante no câncer gástrico em seguimento a longo prazo
AUTOR(ES)
Federico, Miriam Honda, Zilberstein, Bruno, Cecconello, Ivan, Jacob, Carlos Eduardo, Bresciani, Cláudio, Kenji, Osmar, Mucerino, Donato, Lopasso, Fábio
FONTE
ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo)
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009-03
RESUMO
RACIONAL: Câncer gástrico avançado é sempre acompanhado de pobre prognóstico. A melhor forma de ser realizada a linfadenectomia e o valor da radioquimioterapia adjuvante ainda estão em tela de juízo. OBJETIVO: Estudar a eficácia da terapia adjuvante e o valor prognóstico de algumas variáveis clínico-patológicas nos pacientes submetidos à ressecção cirúrgica de seus tumores. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de uma única instituição hospitalar incluindo 69 pacientes com diagnóstico histológico de adenocarcinoma gástrico consecutivamente submetidos à operação radical com intenção curativa no período de cinco anos. Linfadenectomia foi tanto D1 como D2 e em todos os pacientes foi aplicado o protocolo quimioradioterápico proposto por Macdonald et al.². Interrupção do tratamento bem como mortes precoces foram consideradas eventos tóxicos sérios. Variáveis clínico-patológicas (extensão do D, estadiamento T/N, subtipos histológicos e número de linfonodos ressecados), foram correlacionados com os resultados. A sobrevida total foi estimada de acordo com o método de Kaplan-Meier. RESULTADOS: Foram 48 homens e 21 mulheres, com idade média de 56,4 anos. Em 25 pacientes a extensão da linfadenectomia foi D1; em 41, D2 e em 3, D0. O estadiamento T2 foi em 16 pacientes; T3 em 49; T4 em 4; N0 em 11; N1 em 29; N2 em 20; N3 em 8; Nx em 1. O subtipo histológico intestinal ocorreu em 45; o difuso em 19 e desconhecido em 5. Em 57 pacientes as margens estavam livres de tumor e foram ressecados em média 31 linfonodos. Foram tratados por acelerador linear 6 MV, AP/PA campos com 45Gy em cinco semanas em 90% dos casos com média de tratamento de 19,2 semanas. No tempo médio de seguimento de 19,3 meses, entre 52 pacientes com mais de 24 meses foram observadas 38 mortes. O tempo médio geral de sobrevida do grupo como um todo foi de 22,2 meses. Sete (10%) apresentaram eventos tóxicos sérios e o tratamento foi interrompido. Seis (8,6%) recusaram a continuar no grupo de estudo. Toxicidade foi considerada GI/GII em 52, GIII em 10 e GIV em 1. Ocorreram 6 recidivas locais, duas loco-regionais, locais e à distância em 5, regionais em 9, regionais e à distância em 2 e somente à distância em 4. Dois pacientes progrediram em sua doença e em 11 perdeu-se o seguimento (16%). Vinte e oito (40,5%) estavam vivos e sem doença até o encerramento da pesquisa. Em 52 com seguimento mais longo, a análise estatística mostrou que a melhor sobrevida se deu naqueles com T2 vs T3/T4, N0/N1 vs N2/N3 e com margens livres. Não houve diferença estatística entre os estadiamentos T, N ou o tempo de sobrevida quando comparou-se estes indicadores com o procedimento cirúrgico aplicado (D1 ou D2). CONCLUSÕES: Nos pacientes com tumores avançados do estômago submetidos à quimioradioterapia adjuvante, a dissecção D2 não foi superior à D1 nas variáveis estudadas. Naqueles com comprometimento das margens cirúrgicas o prognóstico é muito pobre e a adição de terapia adjuvante parece não melhorar a sobrevida desses pacientes.
ASSUNTO(S)
neoplasia gástrica adenocarcinoma classificação tnm quimioterapia radioterapia terapia adjuvante
Documentos Relacionados
- Stress shielding: avaliação radiográfica após seguimento a longo prazo
- Osteotomia femoral distal de varização para osteoartrose no joelho valgo: seguimento em longo prazo
- Tratamento cirúrgico do câncer colorretal: resultados a longo prazo e análise da qualidade
- Sobrevivência tardia (cinco anos) após tratamento cirúrgico radical e quimioterápico adjuvante (FAM) em câncer gástrico avançado: estudo controlado
- Resultado de longo prazo no tratamento da neuroparacoccidioidomicose