Tratamento adjuvante no câncer gástrico em seguimento a longo prazo

AUTOR(ES)
FONTE

ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo)

DATA DE PUBLICAÇÃO

2009-03

RESUMO

RACIONAL: Câncer gástrico avançado é sempre acompanhado de pobre prognóstico. A melhor forma de ser realizada a linfadenectomia e o valor da radioquimioterapia adjuvante ainda estão em tela de juízo. OBJETIVO: Estudar a eficácia da terapia adjuvante e o valor prognóstico de algumas variáveis clínico-patológicas nos pacientes submetidos à ressecção cirúrgica de seus tumores. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de uma única instituição hospitalar incluindo 69 pacientes com diagnóstico histológico de adenocarcinoma gástrico consecutivamente submetidos à operação radical com intenção curativa no período de cinco anos. Linfadenectomia foi tanto D1 como D2 e em todos os pacientes foi aplicado o protocolo quimioradioterápico proposto por Macdonald et al.². Interrupção do tratamento bem como mortes precoces foram consideradas eventos tóxicos sérios. Variáveis clínico-patológicas (extensão do D, estadiamento T/N, subtipos histológicos e número de linfonodos ressecados), foram correlacionados com os resultados. A sobrevida total foi estimada de acordo com o método de Kaplan-Meier. RESULTADOS: Foram 48 homens e 21 mulheres, com idade média de 56,4 anos. Em 25 pacientes a extensão da linfadenectomia foi D1; em 41, D2 e em 3, D0. O estadiamento T2 foi em 16 pacientes; T3 em 49; T4 em 4; N0 em 11; N1 em 29; N2 em 20; N3 em 8; Nx em 1. O subtipo histológico intestinal ocorreu em 45; o difuso em 19 e desconhecido em 5. Em 57 pacientes as margens estavam livres de tumor e foram ressecados em média 31 linfonodos. Foram tratados por acelerador linear 6 MV, AP/PA campos com 45Gy em cinco semanas em 90% dos casos com média de tratamento de 19,2 semanas. No tempo médio de seguimento de 19,3 meses, entre 52 pacientes com mais de 24 meses foram observadas 38 mortes. O tempo médio geral de sobrevida do grupo como um todo foi de 22,2 meses. Sete (10%) apresentaram eventos tóxicos sérios e o tratamento foi interrompido. Seis (8,6%) recusaram a continuar no grupo de estudo. Toxicidade foi considerada GI/GII em 52, GIII em 10 e GIV em 1. Ocorreram 6 recidivas locais, duas loco-regionais, locais e à distância em 5, regionais em 9, regionais e à distância em 2 e somente à distância em 4. Dois pacientes progrediram em sua doença e em 11 perdeu-se o seguimento (16%). Vinte e oito (40,5%) estavam vivos e sem doença até o encerramento da pesquisa. Em 52 com seguimento mais longo, a análise estatística mostrou que a melhor sobrevida se deu naqueles com T2 vs T3/T4, N0/N1 vs N2/N3 e com margens livres. Não houve diferença estatística entre os estadiamentos T, N ou o tempo de sobrevida quando comparou-se estes indicadores com o procedimento cirúrgico aplicado (D1 ou D2). CONCLUSÕES: Nos pacientes com tumores avançados do estômago submetidos à quimioradioterapia adjuvante, a dissecção D2 não foi superior à D1 nas variáveis estudadas. Naqueles com comprometimento das margens cirúrgicas o prognóstico é muito pobre e a adição de terapia adjuvante parece não melhorar a sobrevida desses pacientes.

ASSUNTO(S)

neoplasia gástrica adenocarcinoma classificação tnm quimioterapia radioterapia terapia adjuvante

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