Transitoriedade e permanência na construção dos conceitos psicanalíticos

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Em função da leitura acerca da ciência psicanalítica que a interpreta comportando um momento identificável como inaugural e por isso de ruptura em relação às elaborações anteriores de Freud, propomo-nos, nesta pesquisa, aprofundar uma discussão interna acerca do que poderíamos chamar de nascimento dessa ciência, bem como do ineditismo que muitas vezes é atribuído às suas teses principais, com a finalidade de definir e adotar um ponto de vista divergente. Explicitaremos nossa recusa à interpretação de que a psicanálise de Freud seria sustentada por conceitos que, a partir de um dado momento, ocuparam posições definitivas responsáveis por terem lhe conferido constituição e sustentação. Antes, defenderemos uma perspectiva de continuidade bem como de um movimento nuançado em sua construção teórica. Desta forma, contribuímos com o apontamento de uma espécie de transição entre o que ficou conhecido como período pré-psicanalítico e o psicanalítico propriamente dito, efetivada por intuições teóricas que sobreviveram à custa de reformulações e destaques crescentes. Assim, justificamos nosso entendimento de que as noções fundamentais dessa ciência já estavam de alguma forma apontadas e identificadas por Freud antes mesmo de conceber, por exemplo, o método da livre associação, tendo gozado de um período no qual obtiveram sua importância progressivamente reconhecida, justamente pelo deslocamento que sofreram em virtude do foco sempre renovado. As noções referidas são: os mecanismos da resistência, da relação transferencial e da sexualidade na etiologia da histeria. Procuramos ainda justificar nossa tese de que tais noções, bem como o método livre associativo, não resultaram do advento da ciência psicanalítica, mas antes que oportunizaram a sua sustentação, bem como os métodos anteriores, que foram rearticulados principalmente pelo critério da eficácia de cura pretendida, este sim o fio condutor de sua reavaliação constante. Portanto, teria sido por conta desse critério mencionado que a psicanálise assumiu seus contornos definitivos num movimento crescente de continuidade e articulação de suas principais noções.

ASSUNTO(S)

histeria psicanálise psicanálise - história catarse filosofia

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