Transitando entre o coletivo e o individual : reflexões sobre o trabalho de referencia junto a pacientes psicoticos / Transiting between the colletive and the individual : reflections on the work of reference carried out together with psychotic patients

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta tese se sustenta num método qualitativo e participante, baseado na hermenêutica gadameriana e no paradigma construtivista. Nosso objetivo foi analisar o arranjo denominado "equipes ou profissionais de referência", em relação ao tratamento de pacientes psicóticos, no contexto dos Centros de Atenção Psicossocial, no que diz respeito às suas funções clínicas e organizacionais. A coleta de dados foi feita através de dois ciclos de grupos focais constituídos por profissionais, usuários e familiares de usuários dos 6 CAPS da cidade de Campinas/SP, bem como por entrevistas em profundidade, desenvolvidas com usuários desses serviços. O material construído mostra que todos os CAPS se organizam através de equipes de referência, cujos profissionais se ocupam de um acompanhamento próximo e regular dos pacientes, configurando-se como profissionais de referência e se responsabilizando pelos projetos terapêuticos e a discussão coletiva dos casos. Essa organização é avaliada positivamente por todos os sujeitos da pesquisa. Para os usuários e seus familiares, os profissionais de referência são percebidos como centrais para a viabilização do tratamento. Eles destacam a confiabilidade como um dos eixos centrais da relação terapêutica e consideram que esta se constrói através das conversas, da sensação de serem percebidos em suas necessidades singulares e do suporte que obtém para a resolução de problemas práticos. Os trabalhadores ressaltam a potencialidade das equipes de referência para o compartilhamento e a co-responsabilização dos casos. Reconhecem a singularidade e a intensidade da relação entre profissionais de referência e usuários, mas apontam alguns paradoxos inerentes ao arranjo, tais como as tensões entre cuidado e tutela; atenção constante ao paciente e controle; proximidade afetiva e identificação narcísica. Através do referencial psicanalítico, apresentamos uma discussão acerca de algumas das necessidades emocionais dos pacientes psicóticos e da potencialidade do arranjo para respondê-las. Destacamos que a fertilidade desse trabalho depende de sua sustentação coletiva, a ser construída entre diversos atores que envolvem o usuário e o serviço, mediante permanente esforço de análise crítica. Para tanto, propomos a reflexão acerca de um posicionamento ético baseado na capacidade de o profissional envolver-se genuinamente com seus pacientes, podendo, ao mesmo tempo, abster-se e deixá-los traçar os sentidos do tratamento

ASSUNTO(S)

psicoses serviços de saude mental mental health services psychoses

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