Transformações socioespaciais na cidade-região em formação: a economia geopolítica do novo arranjo espacial metropolitano

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Este estudo tem como objetivo abordar a configuração da cidade-região atualmente em curso no Brasil, e os processos socioespaciais diversos que a compõem. Entendemos a cidade-região como a metrópole somada de sua hinterlânida imediata, incluindo uma série de centralidades de pequeno e médio porte no alcance dos processos de metropolização. Privilegia-se uma perspectiva teórica acerca do tema, partindo de uma proposta da morfologia da cidade-região, passando por uma contextualização histórica do objeto de estudo visando esclarecer sua relação com os processos econômico-espaciais contemporâneos (sobretudo no que diz respeito à restruturação produtiva), e chegando ao ponto de vista lefebvriano acerca da produção do espaço. Tendo em vista a intensificação da integração da metrópole com as centralidades vizinhas, e a tendência à localização das unidades industriais pós-fordistas nestas cidades, propomos a cidade-região como uma escala apropriada para o regime de acumulação flexível (da mesma forma que a metrópole foi o espaço produzido pelo regime de acumulação fordista). Deste modo, não se trata simplesmente da metrópole estendida, mas de outro ente geográfico, cujos processos de formação são distintos daqueles ligados ao histórico de formação da metrópole. A produção do espaço no entorno metropolitano se dá a partir do processo de urbanização extensiva, que se situa num embate entre o espaço social e o espaço abstrato, alterando a lógica de reprodução dos lugares a partir da extensão das condições gerais de produção, que fornecem as bases para um aprofundamento do processo de acumulação nestas localidades. Outro fator importante é a saturação das áreas industriais constituídas (a partir da industrialização fordista) no bojo do processo de metropolização, somada à involução metropolitana, que são processos socioespaciais que alteram os núcleos metropolitanos, expulsando determinados elementos para as regiões vizinhas. Além da restruturação das economias locais nas cidades dos entornos metropolitanos, a cidade-região envolve a difusão do urbano enquanto substantivo, de um tecido urbano que não se traduz em cidade, cuja expressão mais significativa, em crescimento nos arredores das grandes metrópoles brasileiras, são os parcelamentos residenciais cercados, criando espaços compartimentados, de valor de uso privatizado e contribuindo para a segregação socioespacial na própria metrópole. A formação da cidade-região traz novos embates para o lugar, carregando diversos problemas e conflitos anteriormente restritos ao tecido metropolitano adensado, ao mesmo tempo em que potencializa mobilizações e organizações autônomas em busca de um aprofundamento da democracia. Neste sentido, o direito à cidade, entendido como uma luta do espaço social pela cidade enquanto valor de uso democraticamente aberto à apropriação, permanece no centro desta luta pelo lugar. O planejamento e o desenvolvimento local resultantes deste quadro no lugar inserido no âmbito da cidade-região situam-se entre dois pólos: o aprofundamento da democracia e o planejamento estratégico (que tem como uma de suas ferramentas principais o marketing da cidade), tendência que vem dominando o planejamento urbano atual.

ASSUNTO(S)

planejamento urbano teses. espaço urbano teses. brasil indústrias teses. urbanização brasil teses.

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