Transferência de conhecimento em multinacionais : uma análise multidimensional de casos de empresas brasileiras no mercado português

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Para as empresas multinacionais, transferir conhecimento disperso em diferentes localidades ao redor do globo, de modo rápido e eficiente, tem sido, ao mesmo tempo, uma vantagem e uma necessidade constante (KOGUT e ZANDER, 1993). Nos últimos anos, têm se intensificado os debates acerca do tema, em especial na área de gestão internacional. Além disso, há um aumento considerável no número de empresas brasileiras atuando no exterior e uma maior importância das multinacionais de países emergentes (GUILLEN e GARCIACANAL, 2009). No entanto, apesar de terem sido registrados inúmeros avanços, esses dois fenômenos - aumento do número de multinacionais de países emergentes ou em desenvolvimento e a acentuada discussão sobre a transferência de conhecimento em multinacionais - ainda apresentam uma série de questões não respondidas, além de haver uma série de conceitos, taxonomias e modelos sobre os quais se necessita avançar, pois o tema é cada vez mais importante e emergente (FOOS et al. 2010). Nesse sentido, nesta tese, procurase analisar como ocorre o processo de transferência de conhecimento das multinacionais brasileiras para suas unidades localizadas no exterior e vice-versa, através da análise da estratégia internacional e de uma visão multidimensional, que inclui as dimensões organizacional, pessoal e tecnológica, utilizando como aparato teórico a estratégia internacional e a Visão da Firma Baseada em Recursos ¿ VBR. Através de abordagem qualitativa e do método estudo de caso foram pesquisados quatro grupos multinacionais sediados no Brasil e com operações em Portugal - país com quem o Brasil possui uma intensa e histórica relação comercial. Para análise dos dados, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo. Ao todo, foram entrevistados 23 executivos ligados às áreas de recursos humanos, sistemas de informação e comercial/internacional, das matrizes e das filiais, e três especialistas foram consultados para a validação do roteiro de entrevistas. Os resultados evidenciam um aumento dos investimentos de multinacionais brasileiras no exterior, sobretudo em países emergentes. Também é possível ressaltar que em Portugal a entrada se deu principalmente via aquisições e Green fields. As filiais nesse país são, sobretudo, contribuidoras especializadas e a integração global vem ocorrendo, ainda que não de forma totalmente efetiva, sendo frequente a troca de conhecimento entre essas unidades e a sede no Brasil. No que tange à dimensão organizacional, observou-se que a geração de inovações é frequente nos grupos pesquisados e se dá, sobretudo, por meio da análise do mercado, amparada fortemente no conhecimento disponível na matriz. O tempo é um fator fundamental e há a visão de que o conhecimento é um recurso estratégico, embora isso não esteja totalmente claro. Na dimensão pessoal, observou-se que o expatriamento de executivos é muito maior do que o impatriamento, e que existe a prática de job rotation e formação de equipes, embora esta última numa frequência não tão grande quanto o esperado. A realização de reuniões é frequente, mas não existe apoio financeiro para a troca de conhecimento. Por fim, na dimensão tecnológica, observou-se a importância das tecnologias de comunicação e informação como forma de redução de custos e de aumento da conectividade. Há uma considerável base de conhecimento nos grupos multinacionais e boas relações com universidades e centros de pesquisa.

ASSUNTO(S)

knowledge transfer transferência de conhecimento internationalization multinacionais multinational companies estrategia empresarial internacionalização de empresas emerging countries

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