Tomografia computadorizada versus avaliação clínica no diagnóstico e tratamento das infecções cervicais profundas
AUTOR(ES)
Crespo, Agricio Nubiato, Chone, Carlos Takahiro, Fonseca, Adriano Santana, Montenegro, Maria Carolina, Pereira, Rodrigo, Milani, João Altemani
FONTE
Sao Paulo Medical Journal
DATA DE PUBLICAÇÃO
2004-12
RESUMO
CONTEXTO: Infecções profundas do pescoço têm um potencial alto para complicações graves e morte, se não corretamente diagnosticadas e tratadas. A diferença entre resultados de avaliação clínica e tomográfica pode demonstrar que a avaliação clínica isolada subestima a extensão de doença, o que pode conduzir a tratamento conservador e a pior prognóstico. OBJETIVO: Comparar achados clínicos à tomografia computadorizada de pescoço em relação aos espaços cervicais envolvidos e determinar as características clínicas e radiológicas principais associadas com infecção de espaço profundo de pescoço. TIPO DE ESTUDO: Estudo retrospectivo não randomizado. LOCAL: Departamento de Otorrinolaringologia - Cabeça e Pescoço, Universidade Estatal de Campinas, Brasil, um centro universitário, terciário. MÉTODOS: Foi avaliado prontuário médico de 65 pacientes com infecções profundas de pescoço. Foram analisados idade, gênero, queixas clínicas, exames físicos, resultados de raios-x e tomografia computadorizada, microbiologia, tratamento e resultados. Foram avaliados os sinais clínicos e sintomas, estratificados em ordem de freqüência. A freqüência de espaços cervicais profundos envolvidos nesta infecção também foram avaliados clínico e tomograficamente. Todos resultados clínicos e tomográficos foram comparados com a observação cirúrgica em relação aos espaços cervicais afetados por infecção. RESULTADOS: Os resultados clínicos mais freqüentes foram inchaço cervical, dor local, eritema cutâneo local e aumento localizado de temperatura. O local mais afetado de acordo com a avaliação física foi o triângulo de submandibular (49,2%), mas, à tomografia computadorizada cervical, foi o espaço látero-faríngeo (65%). Mais de um espaço cervical profundo foi acometido, de acordo com a tomografia computadorizada cervical, em 90% dos pacientes, como demonstrado pela extensão do edema e aumento de captação de tecidos moles, e em geral apenas um espaço à avaliação clínica isolada. DISCUSSÃO: Os sintomas clínicos mais freqüentes das infecções cervicais profundas foram dor cervical, aumento de volume cervical e febre. Sinais importantes da tomografia computadorizada, para avaliação desta infecção, foram aumento de captação de contraste em tecidos moles do pescoço e edema. O espaço profundo do pescoço mais afetado pela infecção foi o laterofaríngeo, pela tomografia computadorizada do pescoço. O espaço submandibular foi o mais freqüente, ao exame físico, mas foi o segundo mais freqüente, de acordo com a tomografia computadorizada do pescoço, uma vez que o láterofaríngeo é um espaço difícil de ser examinado. Este exame é o mais importante para avaliação correta dos espaços cervicais envolvidos para a sua correta drenagem cirúrgica. CONCLUSÕES: Os achados clínicos mais freqüentes foram massa cervical, dor de pescoço, eritema de pele local e aumento de temperatura local. Avaliação com tomografia computadorizada cervical, demonstrou o espaço láterofaríngeo como o espaço cervical mais afetado. Mais de um espaço profundo de pescoço esteve acometido em 90% dos pacientes à tomografia computadorizada cervical. Avaliação clínica subestima a extensão de infecção profunda do pescoço em 70% de pacientes.
ASSUNTO(S)
drenagem abscesso infecção pescoço tomógrafos computadorizados
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