The influence of the culture on the cancer prevention behavior. / "A influência da cultura no comportamento de prevenção do câncer"

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O objetivo deste estudo foi apreender as idéias de prevenção do câncer, de um grupo específico de pessoas cadastradas no programa nacional de prevenção, sob o seu ponto de vista, tendo como referencial a cultura, baseada na antropologia médica e interpretativa. Nessa perspectiva, este estudo foi desenvolvido segundo a abordagem metodológica qualitativa, especificamente a do método etnográfico, usando-se a técnica do estudo de caso. Os sujeitos do estudo foram nove mulheres que realizaram o exame de prevenção do câncer do colo do útero, no período de janeiro a dezembro de 2003, em uma Unidade Básica de Saúde do Norte do Paraná. Os dados foram coletados por entrevistas semi-estruturadas e observação. Na análise dos dados encontramos quatro unidades de significação: o câncer e sua etiologia; a importância da prevenção, as formas de prevenção e os fatores que motivam e desmotivam esta prática; o impacto dos profissionais de saúde nos comportamentos de prevenção do câncer e o que realmente previne o câncer. Percebemos uma aproximação do conhecimento leigo com o conhecimento do modelo biomédico em algumas unidades. Encontramos a crença de que o câncer é uma doença fatal, cercada de estigmas. As formas de prevenção apreendidas foram: realização de exames periódicos; alimentação saudável; comportamento sexual e reprodutivo seguro; abstinência do tabaco; cuidados com o sol; terapias alternativas e não fazer nada. Os fatores considerados motivadores do comportamento de prevenção foram: os meios de comunicação; os profissionais de saúde; o contato com pessoas com câncer; o autocuidado; a facilidade de acesso aos exames; o medo; o dever de consciência e a habituação. Entre os fatores desmotivadores, destacaram-se: a falta de tempo; o medo; a vergonha; as restrições do sistema de saúde; o custo e a descrença da possibilidade da doença. A família e os amigos apresentaram papéis de motivadores, desmotivadores e algumas vezes de indiferença. Os profissionais de saúde foram responsabilizados pela adesão às práticas de prevenção, sendo apontadas as questões de dificuldade no diálogo e as questões de gênero. Na última unidade, as crenças sobre a prevenção limitaram-se aos comportamentos de promoção à saúde: alimentação saudável; combate ao tabagismo; prática de atividade físicas e ações de prevenção secundária, representada pela realização dos exames periódicos, além da crença de que para prevenir o câncer é importante ter fé e sorte, e que se houvesse meios de se prevenir, estes seriam mais divulgados. O Modelo Explicativo (ME) proposto por Kleinman não considera os aspectos da prevenção; entretanto, percebemos que a essência deste modelo pode ser utilizada nesta abordagem, visto que os comportamentos de prevenção dos sujeitos são baseados em seus conhecimentos e crenças sobre a doença, determinando, assim, seu modo de compreender o câncer, sua etiologia, a importância e as formas de prevenção do câncer. Assim, a reação social do indivíduo em relação ao câncer pode ser identificada e explicada pelo ME leigo, que incorpora a experiência e a percepção do indivíduo em face do câncer e dos comportamentos de prevenção desta doença.

ASSUNTO(S)

cultura cancer câncer enfermagem prevention nursing prevenção culture

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