Terapia ocupacional como instrumento nas ações de saude mental

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1994

RESUMO

A Terapia Ocupacional tem no empirismo, muitas vezes, um elemento dificultador de sua transmissão. Ela toma o que de experimentado e pronto existe no empirismo da clínica buscando a generalização de maneira a poder demonstrar tais experimentos como pressupostos para a criação e o estabelecimento de técnicas. Como se trata da aplicabilidade das intervenções da Terapia Ocupacional na área de Saúde Mental, os procedimentos clínicos analisados foram escolhidos dentro desse universo. Com tal objetivo, a autora define em primeiro lugar a profissão Terapia Ocupacional. Terapia Ocupacional é a arte de aplicar conhecimentos científicos empíricos e certas habilidades específicas decorrentes do uso de atividades, a criação de estruturas, dispositivos e processos que se utilizam para converter recursos físicos, psicológicos e sociais em formas adequadas à preservação, manutenção e tratamento em áreas como Saúde, Educação, Social e outras correlatas. Assim definida, a profissão Terapia Ocupacional adquire o caráter de método constituído por procedimentos técnicos também denominados de terapia ocupacional. A autora define no geral a população-alvo da Terapia Ocupacional como indivíduos que por fatores de ordem física e/ou psicológica e/ou social apresentam, definitivamente ou temporariamente, problemas de inserção social. Indivíduos que, por esses motivos, podem ser denominados de problema social. A característica absolutamente contextual através da qual devem ser analisados tais problemas não permite mais do que a existência, para esses indivíduos, de um diagnóstico situacional em Terapia Ocupacional. Um diagnóstico, então, que não permite classificações ou generalizações mais do que as já previstas pelas áreas correlatas à da Terapia ocupacional e que são por ela recebidas e aceitas como componentes a mais para um diagnóstico situacional. A Saúde Mental, como área de conhecimento, está implícita em todo caminho a ser trilhado pela Terapia Ocupacional. Além disso,se toda memória social trazia a Terapia Ocupacional como ligada à doença mental, esta tese propõe uma revisão de tal forma a fazê-la parte do conhecimento multidisciplinar na área de Saúde Mental. O estudo das intervenções neste área, então, inicia-se com a definição de seu instrumento: atividades. Para a autora, são as atividades, tomadas como instrumento técnico nos procedimentos de terapia ocupacional, que especificam a Terapia Ocupacional. Ela, porém, toma o cuidado do explicitar que tal uso não é exclusivo da terapeuta ocupacional. Para a terapia ocupacional, atividades (no plural) são definidas como o terceiro elemento de uma relação que ocorre a partir do pressuposto de que existe uma terapeuta ocupacional e um segundo indivíduo que apresenta qualquer tipo de motivo, necessidade ou vontade de lá se encontrar para fazer terapia ocupacional. Vistas dessa maneira as atividades são instrumentos indispensáveis na clínica de terapia ocupacional e, como tal, alvo de conhecimento imprescindível para as terapeutas ocupacionais, que a autora sugere seja adquirido na disciplina que denomina de Laboratório de Análise de Atividades terapeutas ocupacionais, que a autora sugere seja adquirido na disciplina que denomina de Laboratório de Análise de Atividades. No que diz respeito à definição e análise do instrumento atividades, a autora localiza alguns temas importantes: a relação entre processo e produto na realização de atividades; o não pré-estabelecimento de significações e de objetivos na escolha e determinação para o uso terapêutico das atividades; a importância dos materiais utilizados na realização de atividades; e ainda Arte e Criatividade, temas constantemente relacionados ao uso e análise de atividades em Terapia Ocupacional. O segundo termo a ser tratado é a terapeuta ocupacional. Se pensamos na memória social como resultado da tradição cultural, a Terapia Ocupacional é uma profissão marcada, até hoje, pelo feminino. A partir dessa constatação procura-se estabelecer discussões sobre a eficácia da combinação de aspectos terapêuticos e psicoeducacionais na formação, na qualificação, na responsabilidade e no sucesso das terapeutas ocupacionais. São revistas, à luz de novos aportes teóricos, questões vocacionais da personalidade terapêutica, antigamente definida como materna, e da profissão feminina, ambos em função do estabelecimento de um saber. Definidas estas questões prioritárias, abre-se o espaço para apresentações técnicas. Tendo em mente a impossibilidade da pura e simples aplicação de técnicas na clínica, a autora opta por denominar de procedimentos terapêuticos sua forma de atuação clínica. É certo que, na clínica, procedimentos terapêuticos são inesgotáveis. Então, a autora utiliza-se de uma adaptação da técnica de trilhas associativas, por ela inventada para a clínica, para a apresentação desses procedimentos dentro de uma certa lógica associativa. Com isso os temas trabalhados foram: 1- Delimitação do campo de intervenção da Terapia Ocupacional em Saúde Mental como busca de soluções que, de início, são de ordem prática tanto através das elaborações teóricas que as determinaram, como das que surgiram da própria prática, na expectativa de que tenham sido suficientemente generalizadas e, portanto, capazes de ser transmitidas. 2 - Definição de terapia ocupacional dinâmica que busca estabelecer a relação triádica paciente-terapeuta-atividade calcada em duas estruturas dinâmicas: a da realização de atividades, e a intrapsíquica, definida pela Psicanálise. 3. Como conseqüência dessa postura o espaço terapêutico da terapia ocupacional é estabelecido como estando entre a realidade externa e a realidade interna do indivíduo. 4. Para que tenha um sentido tanto terapêutico como psicoeducacional, a intervenção nesse espaço entre realidades deve ser constituída num campo onde se reconheça a existência da transferência. 5. Após definidos os manejos de situações dentro desses temas apresentados, a autora relata historicamente a composição da técnica das trilhas associativas, que tinha como primeira função criar espaços para a existência de associações entre fatos e fenômenos tanto da realidade interna quanto da realidade externa do indivíduo. Esse primeiro movimento abriu portas para o estabelecimento de novos procedimentos voltados para a clínica da terapia ocupacional, que pretende ser social em dois sentidos: na multidisciplinaridade voltada para o conhecimento, e no direcionamento da manutenção e expansão da sociabilidade para doentes mentais. 6. A colocação anterior nos remete a três outros procedimentos clínicos importantes: o do ensino de atividades; o do significado das atividades, que acaba por remeter ao significado da própria terapia ocupacional; e o atendimento em grupos. Chega-se, por fim, aos resultados, que a autora preferiu demonstrar através da apresentação de casos clínicos tanto do seu consultório particular como dos ambulatórios específicos do Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da Escola Paulista de Medicina, onde atua como assistente clínica, professora e supervisora. Como conclusão, não se pode esperar de uma tese baseada em constatações um fechamento com confirmações ou exclusões. As apreciações finais giram em torno, fundamentalmente, de proposições para estudos e, pesquisas em Terapia Ocupacional mas, principalmente, para a clínica da Terapia Ocupacional.

ASSUNTO(S)

terapia ocupacional saude mental

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