Tensões e possibilidades no campo da reabilitação sob a ótica dos estudos da deficiência

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Bras. Ter. Ocup.

DATA DE PUBLICAÇÃO

14/11/2019

RESUMO

Resumo: Este artigo é um ensaio sobre a literatura do campo disability studies. São analisadas críticas feitas por este campo às ideologias e práticas da reabilitação por sua contribuição para a opressão sistemática de pessoas com deficiência. As críticas evidenciam conflitos entre as necessidades das profissões de reabilitação e das pessoas com deficiência, a disparidade de poder entre profissionais e clientes na decisão clínica, o viés capacitista na assistência e a invisibilização da deficiência na formação profissional. Para que o ímpeto de superação destas ideologias e práticas, estimulado pela ampla adoção da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, não fique restrito ao nível discursivo, são analisadas possibilidades concretas de mudança para a prática profissional e educação na fisioterapia e terapia ocupacional em particular. A primeira é garantir o acesso de pessoas com deficiência à formação universitária. A pesquisa acadêmica sobre mas sobretudo por pessoas com deficiência é necessária. Intervenções educativas para mudanças atitudinais de docentes e discentes também podem ser positivas, assim como o treinamento em prática centrada na pessoa e com foco na participação. A crítica dos estudos da deficiência às práticas da reabilitação demanda a ampliação da ação para o combate à opressão. A reabilitação precisa alcançar uma prática de promoção e defesa dos direitos humanos e da justiça social junto às pessoas com deficiência.Abstract: This is an essay about the literature from the field of disability studies. It analyses rehabilitation ideologies and practices that contribute to the systematic oppression of people with disabilities. The criticism coming from disability studies points to conflicts of interest between rehabilitation professionals and people with disabilities, power disparities in clinical decision-making, ableist biases in care processes, and the invisibility of these issues in professional training. Although there is great interest among professionals in moving on from outdated models of functioning and adopting the International Classification of Functioning, Disability and Health, its uncritical use may result in empty discourse with limited practical improvement. To avoid that, some concrete options for change in practice and education of physical and occupational therapy are analyzed. The first step is guaranteeing access of people with disabilities to university education. Academic research not only about but by people with disabilities will bring great advances. Educational interventions to improve attitudes and behaviors of students and professors towards people with disabilities can also produce sensible change. Additionally, client centered practice directed to increasing participation of people with disabilities is needed. Social criticism demands that rehabilitation expand its focus from satisfying needs to combating oppression. Rehabilitation needs constitute a practice for advancing human rights and social justice together with people with disabilities.

Documentos Relacionados