Sucesso no controle da transmissão de Enterococcus spp. em um hospital universitário brasileiro / Success in stopping transmission of enterococci in a Brazilian public teaching hospital

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

05/04/2011

RESUMO

Enterococos resistentes a vancomicina (ERV) representam grande problema na assistência hospitalar, com dificuldades terapêuticas e de controle ambiental, pois colonizam trato gastrintestinal e são capazes de sobreviver no ambiente por tempo prolongado. A transmissão ocorre principalmente através das mãos de profissionais de saúde e contato com equipamentos ou superfícies contaminadas. O objetivo deste trabalho foi descrever um surto de ERV em hospital de ensino brasileiro e avaliar o impacto de medidas adotadas para o seu controle. Foi realizado um estudo retrospectivo envolvendo 150 pacientes admitidos no Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, de fevereiro de 2008 a janeiro de 2009, com identificação de ERV; foi realizada revisão dos prontuários médicos para obtenção de dados demográficos, comorbidades, fatores de risco e unidades de internação. Os desfechos primários foram colonização ou infecção por ERV e morte. A associação entre variáveis categóricas foi verificada com aplicação do teste x2 ou teste exato de Fisher quando necessário e para variáveis contínuas através do teste de Mann-Whitney. O nível de significância adotado foi 5% (p? 0,05). Entre os 150 pacientes identificados, 94 (63%) eram do sexo masculino e a mediana de idade foi 50 anos. As principais comorbidades foram infecção na admissão em 90 (60%) pacientes, câncer em 60 (40%) e hipertensão arterial em 49 (33%). Clínica Médica, Onco-Hematologia, Trauma, Emergência e Gastroenterologia corresponderam a 73% dos pacientes. Os casos foram identificados através de esfregaços retais em 139 (92,7%) indivíduos e em outros sítios em 11 (7,3%) pacientes, sendo sangue em 5 casos (3,4%), líquido ascítico em 2 (1,3%) e cateter venoso central, líquido pleural, urina e secreção de ferida cirúrgica em 1 paciente (0,7%) cada. Enterococcus faecium foi a espécie identificada em 147 (98%) pacientes, representando uma mudança na epidemiologia do hospital, pois durante o período inicial do surto havia maior número de casos de E. faecalis. Não houve diferenças entre os pacientes colonizados ou infectados em relação a sexo, idade e comorbidades. Infecção ocorreu com maior frequencia entre pacientes em uso de ventilação mecânica (p = 0,013), cateter venoso central (p = 0,043), cateter urinário (p = 0,049) e drenos (p = 0,049). A morte foi mais frequente entre os pacientes infectados (73%) do que nos colonizados (17%) (p <0,001). Uma campanha informativa foi realizada, através de palestras e distribuição de folhetos explicativos para pacientes e familiares. A limpeza do ambiente foi reforçada e dispensadores de álcool gel foram amplamente distribuídos. Precauções de contato para todos pacientes com ERV e restrição às visitas foram implementadas. O acompanhamento do surto revelou decréscimo significativo no número de casos, com 40 novos casos nos onze meses posteriores, representando uma taxa de ataque de 0,33%, comparada com a taxa prévia de 1,49% (p<0,001). A prevenção da transmissão cruzada de ERV, bem como a redução da contaminação ambiental foram baseadas em medidas educativas, reforço da limpeza ambiental e estímulo à higienização das mãos, sendo eficazes para controle do surto

ASSUNTO(S)

enterococcus resistência infecção hospitalar enterococcus resistance hospital infection

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