"Sonhar a gente sonha": representações de sofrimento e exclusão em adolescentes em situação de risco

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Este trabalho busca conhecer o modo como os adolescentes em situação de risco representam sua historia, seu cotidiano e seu projeto futuro. Para alcançar tal objetivo, utilizamos uma metodologia qualitativa, a história de vida. A pesquisa foi realizada junto a adolescentes de grupos populares da cidade de Santa Maria! RS. Através do estudo das representações, construímos um conhecimento do grupo estudado com a intenção de compreender suas relações familiares, afetivas, escolares, de trabalho, entre outras. Os resultados evidenciam as dificuldades enfrentadas pelos adolescentes no interior das famílias, como a vivência de abandonos, maus tratos, rejeições, bem como indicam a dificuldade por eles vivenciada na procura de ajuda. Fica evidente, no decorrer do trabalho a existência, de uma necessidade e um desejo em relação ao mundo do trabalho, o qual é precocemente procurado, por se constituir na possibilidade de concretização de alguns dos seus desejos. A escola está distante de seu universo, carece de sentido, sendo, por isso, constantemente abandonada e substituída por atividades laborais. Existe uma relação violenta e perversa entre grupos sociais que acaba por excluir esses adolescentes das possibilidades de inserção social mais satisfatórias. Essa relação determina uma visão preconceituosa e estigmatizada em relação a esse conjunto da população, favorecendo a construção de estereótipos que impedem que o processo de construção de suas identidades se dê forma mais positiva. A violência e o abandono familiar vividos por esses adolescentes os colocam, muitas vezes, diante da necessidade de substituição de sua família por uma instituição assistencial, ou por outra denominada "família substituta", conforme previsto pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Os adolescentes se defrontam com famílias cujos valores culturais são tão distantes dos seus que os levam a vivenciar uma nova rejeição. Há ainda o agravante de que, por tratar-se de adolescentes de grupos populares, a família substituta não raro representará para eles um trabalho sem remuneração, o que significa continuar vivendo situações de violência e de humilhação, que trazem conseqüências significativas para suas vidas

ASSUNTO(S)

exclusao psicologia social adolescencia psicologia do adolescente situacao de risco

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