Solidão e encontro: buscas e conflitos do morar só
AUTOR(ES)
Keila Macário Pavani
DATA DE PUBLICAÇÃO
1992
RESUMO
Na esteira das grandes transformações sociais que vem ocorrendo na era moderna, a solidão e o isolamento tem sido, muitas vezes, vividos de forma involuntária por um grande contingente de pessoas. Nesse contexto, inscrevem-se particularmente a nuclearização e o fechamento intensos da vida privada, da família e do homem urbano, em função da sua relação com o trabalho, o tempo e a consecução de necessidades e objetivos econômicos, culturais e psicológicos. A valorização social da capacidade pessoal, entrada da mulher de forma maciça no universo da produção e as atividades e exigincias associadas à educação dos filhos provocam uma estruturação da dinâmica familiar voltada para o atendimento de necessidades e arranjos cotidianos individualizados. Nessa perspectiva, o universo da casa torna-se cada vez mais o local de encontros esporádicos entre os membros do círculo familiar. Nas camadas médias, essa tendência à individualização da vida cotidiana revela-se, com freqüência, de modo acentuado, muitas vezes unindo às exigências externas de arranjo e de organização individuais as buscas internas de liberdade, autonomia e autorealização. Uma parcela significativa de pessoas desses estratos culturais encontra-se mobilizada e direcionada para a elaboração de projetos pessoais, seja no campo profissional, seja na construção do próprio estilo de vida. Dar um sentido consciente à própria existincia implica rupturas e escolhas que remetem a uma concepção de mundo, de homem e de relações interindividuais, a qual, além de possibilitar a expressão e o desenvolvimento das singularidades, encaminha à ética do conviver cotidiano. Dentre as escolhas praticadas por um segmento específico das camadas médias, o morar só emerge como modo de ordenação do cotidiano, envolvendo necessidades e motivações auto-referidas. Este trabalho busca contextualizar e compreender essa tendincia contemporânea à individualização e para quais significações e representações ela aponta, tanto relativas à experiincia pessoal quanto às significações sócio-culturais. Partindo dos pressupostos teóricos e metodológicos da Gestalt Terapia, que enfatizam o aspecto relacional da estruturação e do desenvolvimento da personalidade, e das contribuições das Ciências Socias nas vertentes que enfocam a relação indivíduo-cultura, este estudo analisa o papel da solidão e do afastamento dos modos tradicionais de convivincia e o incremento de tendincias narcísicas que se contrapõem à complexidade da consciincia em busca de resgate e expressão do verdadeiro self
ASSUNTO(S)
ACESSO AO ARTIGO
http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=8730Documentos Relacionados
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