Socialização midiatizada: o papel da televisão na recepção de adolescentes de instituições de acolhimento

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Tendo como objetivo central investigar como se processa, no âmbito da recepção, a socialização midiatizada operada pela televisão em se tratando de adolescentes que vivem em instituições de acolhimento em Porto Alegre, procuro compreender quais elementos do fluxo televisivo se instituem como matrizes de socialização, bem como quais apropriações, especialmente de valores e princípios morais, os adolescentes fazem do conteúdo televisivo, tendo como mediação desse processo a própria instituição de acolhimento, os grupos de relações e amizades e o habitus. A pesquisa também propõe compreender quais reconfigurações na identidade desses adolescentes são operadas a partir das aprendizagens que se estabelecem na relação desses com a televisão. Para dar conta das especificidades do objeto/problema investigado, trabalhei com os conceitos de midiatização e socialização, e articulei perspectivas teóricas para a compreensão da recepção (recepção, mediações, apropriações, aprendizagens, interação e identidade). Em relação às estratégias metodológicas, na investigação da recepção trabalhei, durante a pesquisa exploratória, com adolescentes de quatro instituições de acolhimento (Lar de Nazaré, Lar de de São José, Abrigo João Paulo II e Casa-Lar Adventista) bem como, na pesquisa sistemática, permaneceram três dessas (Lar de São José, Abrigo João Paulo II e Casa-Lar Adventista). Realizei pesquisa sistemática com 17 adolescentes e, desde uma perspectiva multimetodológica, articulei um conjunto de procedimentos metodológicos que incluíram a realização de dinâmicas (jogos), observação participante e entrevistas em profundidade, para apreender as apropriações, aprendizagens, mediações, interações e reconfigurações da identidade. Como resultados, evidencio a forma como a midiatização reconfigura e transforma o processo de socialização dos sujeitos, de maneira que a televisão passa a assumir um papel socializador outrora exercido basicamente pelas instituições formais (família, escola, igreja, Estado, etc). Além disso, no reencaixe dessas instituições não midiáticas e, portanto, na revisão dos papéis que exercem na formação das novas gerações, verifico uma ampliação do espaço de atuação da televisão, no sentido de familiarizar os adolescentes com a realidade social. Nesse processo marcado pelas interações dos adolescentes com esse meio de comunicação, bem como desses com outros agentes socializadores a partir do conteúdo midiático, percebo a importância da mediação dos grupos de relações e amizades, da instituição de acolhimento (regulando rotinas e conseqüentemente estendendo esse controle indireto para as dinâmicas de assistência televisiva) e do habitus. A partir das aprendizagens que se estabelecem nessas interações, vão se sobrepondo sucessivas identificações, as quais dependendo das vivências pessoais de cada adolescente e do tempo que possuem para sedimentá-las podem ou não estar conformando novas identidades sociais

ASSUNTO(S)

instituição identity midiatização socialization adolescents reception socialização assistência social adolescente televisão comunicacao

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