Role-Play Precedido por Trabalho de Campo para o Ensino de Farmacologia: da “Seiva Bruta” à “Seiva Elaborada”

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. educ. med.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2017-12

RESUMO

RESUMO Introdução: A tarefa de ensinar habilidades, atitudes e conhecimentos, às vezes complexos, relativos ao uso seguro e efetivo de medicamentos representa hoje um grande desafio para as escolas médicas, motivo por que o ordenamento de prescritores que promovam o uso racional de medicamentos em nível de graduação assume importante papel na formação profissional, impactando diretamente o cuidado à saúde da população. Nesse contexto, a implementação de métodos de ensino que permitam uma formação ativa, crítica e reflexiva dos estudantes é desejável, a fim de que estes desenvolvam competências para manejar as principais classes farmacológicas utilizadas pelo médico generalista. Objetivo: Descrever e analisar o role-play precedido por trabalho de campo como estratégia pedagógica para o ensino de Farmacologia Clínica no curso médico. Métodos: Após trabalho de campo sobre a utilização das principais classes farmacológicas utilizadas na Atenção Primária em Saúde, grupos de cinco a seis estudantes prepararam e encenaram roteiros envolvendo aspectos práticos de farmacocinética, farmacodinâmica, efeitos adversos e potenciais interações medicamentosas relativas aos medicamentos utilizados. A intervenção foi avaliada por meio das respostas dos estudantes a questionários acoplados a escalas Likert, ao Dundee Ready Education Environment Measure (DREMM) e a entrevista semiestruturada. Verificou-se a correlação entre a participação na prática de ensino e o desempenho em questões de múltipla escolha na avaliação final do curso. Resultados: Todos os estudantes se sentiram envolvidos e motivados para a atividade. Concordaram fortemente 78,5% e concordaram parcialmente 19% em que o método permitiu a reflexão sobre conhecimentos, habilidades e atitudes importantes para a prática profissional no tocante à prescrição terapêutica racional. O DREEM revelou escore de 129,23, compatível com um ambiente de aprendizagem mais positivo do que negativo, numa amostra confiável (alfa de Cronbach = 0,86). A análise das entrevistas abertas permitiu inferir que os estudantes consideraram o método eficiente, dinâmico, divertido e prazeroso, possibilitando maior compreensão e fixação do conteúdo. A estratégia foi considerada estimuladora para a realização de atividades em grupo, participação ativa, além de possibilitar o contato com a futura realidade profissional. As principais fragilidades apontadas foram o envolvimento desigual de componentes de alguns grupos e o significativo tempo despendido na preparação das atividades. Os estudantes que participaram da intervenção tiveram desempenho na avaliação final da disciplina, em média, superior aos que não participaram, mas sem diferença estatisticamente significativa. Conclusão: O role-play precedido por trabalho de campo demonstrou ser uma estratégia pedagógica promissora, promovendo aprendizagem ativa e significativa em Farmacologia, com possibilidade de utilização em outras ciências básicas.

ASSUNTO(S)

role playing farmacologia educação médica educação de graduação em medicina ensino

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