Risco de mortalidade é dose-dependente do número de unidades de concentrado de hemácias transfundidas após cirurgia de revascularização miocárdica
AUTOR(ES)
Santos, Antônio Alceu dos, Sousa, Alexandre Gonçalves, Piotto, Raquel Ferrari, Pedroso, Juan Carlos Montano
FONTE
Braz. J. Cardiovasc. Surg.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2013-12
RESUMO
INTRODUÇÃO: Transfusões de uma ou mais unidades de concentrado de hemácias é estratégia amplamente utilizada em cirurgia cardíaca, mesmo após várias evidências de aumento de morbimortalidade. A escassez de sangue no mundo também já é evidente. OBJETIVO: Avaliar se o risco de mortalidade é dose-dependente do número de unidades de concentrado de hemácias transfundidas após cirurgia de revascularização miocárdica. MÉTODOS: Entre junho 2009 e julho 2010, foram analisados 3010 pacientes: transfundidos e não transfundidos. Pacientes hemotransfundidos foram divididos em seis grupos conforme receberam uma, duas, três, quatro, cinco e seis ou mais unidades concentrado de hemácias e, após um ano da cirurgia de revascularização miocárdica, avaliamos o risco de mortalidade em cada grupo. Para obtenção do odds ratio foi utilizado modelo de regressão logística multivariado. RESULTADOS: Transfusão crescente de unidades de concentrado de hemácias resulta em risco também crescente de mortalidade, evidenciando uma relação dose-reposta. Os valores do odds ratio aumentam com o acréscimo do número de unidades de hemácias alogênicas transfundidas. O risco de ocorrência de óbitos pelo odds ratio bruto foi 1,42 (P=0,165); 1,94 (P=0,005); 4,17; 4,22; 8,70, 33,33 (P<0,001) e o risco de mortalidade pelo odds ratio ajustado foi 1,22 (P=0,43); 1,52 (P=0,08); 2,85; 2,86; 4,91 e 17,61 (P<0,001), conforme receberam transfusão de uma, duas, três, quatro, cinco, seis ou mais unidades concentrado de hemácias, respectivamente. CONCLUSÃO: O risco de mortalidade é diretamente proporcional ao número de unidades de concentrado de hemácias transfundidas em cirurgia de revascularização miocárdica. Quanto mais sangue alogênico transfundido, maior o risco de mortalidade. A prática transfusional atual precisa ser reavaliada.
ASSUNTO(S)
transfusão de sangue mortalidade revascularização miocárdica complicações pós-operatórias
Documentos Relacionados
- Impacto na mortalidade precoce e tardia após transfusão de hemácias em cirurgia de revascularização miocárdica
- Relação dose-dependente do uso crônico de fenitoína e atrofia cerebelar em pacientes com epilepsia
- Preditores de transfusão de concentrado de hemácias em cirurgia de revascularização miocárdica
- Insuficiência renal oculta acarreta risco elevado de mortalidade após cirurgia de revascularização miocárdica
- Insuficiência renal aguda após cirurgia de revascularização miocárdica com circulação extracorpórea: incidência, fatores de risco e mortalidade