Rinoplastia em paciente com doença de Von Willebrand: relato de caso
AUTOR(ES)
Matos Junior, Roberto Martins, Godoy, Rogério da Costa, Gobbo, Mônica da Cunha, Lian Junior, João, Duz, Gilson Luis
FONTE
Revista Brasileira de Anestesiologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007-12
RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Os pacientes portadores da doença de von Willebrand apresentam sangramento anormal após ferimentos e procedimentos cirúrgicos, já que esta afeta a hemostasia primária e secundária devido à alteração do fator VIII. O objetivo deste relato é elucidar o manuseio pré-, peri- e pós-operatório de pacientes com tal doença. RELATO DO CASO: Paciente do sexo feminino, 42 anos, branca, 165 cm, 61 kg, ASA II, foi submetida à avaliação pré-anestésica para realização de rinoplastia, com diagnóstico prévio de doença de von Willebrand do tipo 1, sendo liberada para a intervenção cirúrgica após avaliação hematológica, com teste de DDAVP IN26 responsivo. No dia da operação, após medicação pré-anestésica e monitoração adequada, foi ofertado oxigênio por cateter nasal e infundida a solução de desmopressina (0,4 µg.kg-1 em 100 mL de NaCl a 0,9% por via venosa) 30 minutos antes da operação. Em seguida, iniciou-se a indução anestésica com sufentanil (1 µg.kg-1), propofol (4 mg.kg-1) e rocurônio (0,6 mg.kg-1) por via venosa. Em seqüência, realizou-se intubação traqueal seguida de ventilação controlada mecânica em sistema com absorção de CO2, mantida com O2, N2O e sevoflurano. O ato cirúrgico durou 90 minutos. No intra-operatório a paciente manteve-se hemodinamicamente estável, apresentando sangramento desprezível. Ao final da operação foi extubada e encaminhada à sala de recuperação pós-anestésica, onde permaneceu por 120 minutos. No pós-operatório foi prescrito ácido aminocapróico (500 mg por via oral a cada oito horas, por 48 horas), com alta hospitalar após 24 horas, sem apresentar nenhuma complicação pós-operatória. CONCLUSÕES: A infusão de crioprecipitado ou plasma, utilizado na profilaxia e no tratamento das complicações hemorrágicas, produz um pico de concentração máxima de fator VIII após 48 horas, e é sustentado por 72 horas; entretanto, mesmo aprovado pelo FDA, tem sido uma prática utilizada somente em circunstâncias emergenciais, devido ao risco relativo de contaminação viral. A 1-desamino, 8-D-arginina vasopressina (DDAVP-desmopressina) estimula o aumento da concentração do fator VIII, tendo a vantagem de eliminar a exposição aos patógenos transmitidos pelo sangue, além da possibilidade de administração por vias nasal, subcutânea e venosa.
ASSUNTO(S)
cirurgia, plástica doenÇas, hematológica
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