RESSIGNIFICAÇÃO E REAPROPRIAÇÃO SOCIAL DA NATUREZA: práticas e programas de "convivência com o semiárido‟ no território de Juazeiro - Bahia. / REFRAMING AND SOCIAL REAPPROPRIATION OF NATURE: practices and programs of coexistence with the semiarid "in the territory of Juazeiro - Bahia.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O contexto reflexivo desse estudo é a relação natureza e cultura na contemporaneidade. A natureza semiárida tem recebido diferentes compreensões, orientadas por diferentes racionalidades, e, dentre essas, a ambiental, a qual se apresenta pela proposta da Convivência com o Semiárido Brasileiro‟. Tal proposta é compreendida como uma ideia-projeto que inova, impulsiona e direciona ao sociedade civil por meio das redes sociais, formando-se como um rizoma, tecendo seus nós por todas as escalas, aglutinando diferentes bandeiras de lutas sociais travadas no Semiárido contemporâneo (pela água, terra, educação e outras demandas). Ela conduz os atores e sujeitos sociais à reapropriação social da natureza. Essas manifestações são identificadas no Território de Juazeiro (Bahia), por meio de três Diretrizes da "Convivência‟: a democratização do uso e acesso a água e seus programas (P1MC, P1+2 e outros), a democratização e regulamentação da posse da terra (com ênfase para a situação das terras coletivas de Fundo de pasto) e o uso sustentável da biodiversidade e agrobiodiversidade da Caatinga. Analisou-se se esses programas e práticas reorientam o uso dos recursos naturais, uma vez que não atendem somente o sustento material das populações, em especial, as populações rurais tradicionais, mas também fazem-se base imaterial da cultura e dos valores identitários associados aos seus territórios de vida e trabalho. O fundamento teórico-metodológico do estudo foi pela abordagem fenomenológica e cultural das categorias e temas geográficos de natureza, território/territorialidade, redes e paisagem. Analisou-se como estão se elaborando as novas territorialidades no Semiárido pela Convivência‟. O fenômeno convivência‟ foi apreendido como um envolvimento significativo de ser-com-os-outros-no-mundo, a partir da existencialidade/mundaneidade de Heidegger, cujo propósito foi descrever o sentido ontológico da convivência‟ em suas ações de mobilização e de articulação; também ancorou-se na percepção de Merleau-Ponty para compreender a construção do sentido de hostilidade à natureza e a desconstrução desses sentidos que a transmutam para uma natureza de possibilidades, utilizando-se da análise dos documentos e diretrizes das redes e das falas dos atores sociais. A intenção foi gerar um olhar cuidadoso sobre a condição do homem sertanejo em sua mundaneidade semiárida, as maneiras pelas quais ele busca pela Convivência‟ completar sua existência em seus contextos de vida, de trabalho e de cultura. Considerou-se que nessa busca pela ressignificação da natureza, incorpora-se a ressignificação da identidade territorial sertaneja, evocada pelos valores de pertencimento e de enraizamento, nas falas, nas práticas e nas trocas e intercâmbios de saberes entre comunidades, instituições e redes. Nesse processo de valorização do território semiárido (físico e simbólico-cultural), avaliou-se que a Educação para a Convivência‟, por meio da contextualização do saber, desempenha um importante papel para o processo de tomada de consciência intencional dos sujeitos sobre suas condições de mundaneidade e de geração de um novo olhar para si e para seu contexto (material e imaterial). A análise das práticas e programas da convivência‟ permitiu apreender que do bom uso‟ da natureza semiárida, por meio da ética da prudência (o guardar) e da contextualzação, elas têm promovido a leitura de Semiárido como um território complexo e multidimensional e gerado a construção de novas territorialidades.

ASSUNTO(S)

natureza semiárida mundaneidade convivência redes sociais territorialidade contextualização geografia semiarid nature worldliness familiarity social networks territoriality contextualization

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