Repercussões do consumo alcoólico em pacientes com infecção crônica pelo vírus da hepatite C

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/06/2012

RESUMO

O álcool e o vírus da hepatite C (VHV) podem agir sinergicamente e aumentar a progressão da doença hepática. O objetivo do presente estudo foi avaliar a repercussão do consumo alcoólico entre pacientes em tratamento para o VHC. Foram incluídos 121 pacientes sendo 78 (64,5%) homens e idades entre 28-70 anos. Avaliou-se a relação do uso do álcool com as cargas virais pré-tratamento, histologia hepática, aderência ao tratamento, resposta virológica precoce (RVP), resposta virológica ao final do tratamento (RVF) e resposta virológica sustentada (RVS). Na análise estatística utilizou-se o teste do X2 ou o exato de Fisher e a análise multivariada, calculando-se odds ratio e os intervalos de confiança de 95%. P≤0,05 foi considerado estatisticamente significante. Entre os pacientes que ingeriam >60g/dia de etanol durante a vida, as frequências de carga viral ≥106 UI/mL e de descontinuação do tratamento (50% e 32,4%, respectivamente) foram maiores (p<0,05) do que entre os abstêmios (27,3% e 9,4%, respectivamente); a descontinuação do tratamento foi mais frequente (p<0,05) entre aqueles que continuaram consumindo álcool durante o tratamento (66,7% vs 21,4%) e mais frequente entre os que não estavam em abstinência há pelo menos seis meses antes do tratamento (72,7% vs 15,4%), também foi mais frequente entre os que tinham CAGE ≥2 (19% vs 2%) ou AUDIT diagnosticando uso nocivo ou provável dependência do álcool (57,1% vs 3,3%). Fibrose hepática foi mais frequente (p<0,05) entre homens que ingeriram >60g/dia de etanol por mais de 10 anos (87,9%) do que entre aqueles que ingeriram quantidades menores (60,9%) ou eram abstinentes (61,1%). Pela análise univariada, a frequência de RVS foi semelhante entre os pacientes com diferentes padrões de consumo alcoólico. Pela análise multivariada, observou-se associação positiva entre aderência ao tratamento ≥80% e estar no primeiro tratamento com a RVP; somente a coinfecção pelo VIH se associou negativamente com a RVS. Não houve associação do CAGE com a RVP ou a RVS. O pequeno número de pacientes não permitiu análise estatística para se avaliar os preditores de RVF. Conclui-se que pacientes com pesado consumo alcoólico durante a vida mais frequentemente tiveram fibrose hepática, altas cargas virais e descontinuam o tratamento, no entanto, entre aqueles que não descontinuaram o tratamento, as frequências de RVS foram semelhantes quando comparados com os abstinentes ou bebedores moderados. Assim, alcoolistas deveriam ser tratados da infecção pelo VHC com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar para motivar sua adesão ao tratamento e a abstinência alcoólica.

ASSUNTO(S)

alcoolismo hepatite c terapêutica adesão à medicação ciencias da saude ciências médicas alcoholism alcohol consumption patient adherence treatment hepatitis c vírus hcv

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