Reformas da ilusão : a terapeutica psiquiatrica em São Paulo na primeira metade do seculo XX

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1995

RESUMO

A partir do reconhecimento de que o alienismo paulista do começo da República perde as suas características de modenlidade científica por estar enredado nas atividades assistenciais e administrativas do hospício, pretendeu¬ se, com esta investigação, rastrear o caminho percorrido pela psiquiatria para a recuperação dessa posição. Acreditando que a terapêutica exerce um papel fundamental nesse percurso, resolveu-se acompanhar a história dos tratamentos psiquiátricos como efetivamente se realizaram. Para tanto, elegeram-se como material empírico os artigos publicados em periódicos médicos por psiquiatras paulistas que descreveram os tratamentos em uso no período de 1923 a 1959. Também foram entrevistados psiquiatras que já exerciam a profissão na época que a pesquisa abrange, utilizando-se a técnicà de coleta de depoimento que segue os pressupostos teórico-metodológicos da História Oral. A teoria que orientou a apreensão do objeto empírico foi organizada na fonna de três esquemas referenciais básicos - a articulação da psiquiatria da poca com o modo de produção, a organização tecnológica do trabalho psiquiátrico e as suas dimensões - epistemológica (de produção de saber conceitual e normativo), prática (envolvendo questões de natureza política e ética) e técnica (como ação prescritiva fabricadora de resultado). O trabalho tentou identificar como a terapêutica confere legitimidade científica à psiquiatria paulista da primeira metade do século XX. Chegou-se a uma periodização que discrimina: o período do tratamento da PG P pela impaludação artificial, o período das terapias biológicas (insulina, cardiazol e eletrochoque) e o período do advento dos primeiros neurolépticos (clorpromazina e reserpina). Concluiu-se que a psiquiatria, funcionando como uma ideologia científica, copia o modelo da medicina definindo seu objeto (doença e doente mental) nos mesmos moldes. A possibilidade de aplicar métodos terapêuticos que, por um lado, demonstram eficácia e, por outro, reiteram as hipóteses da gênese orgânica da. doença mental, vai fortalecendo ao antigo alienismo a característica de medicalidade. Além disso, essa legitimidade adquirida pela aproximação com o modelo médico clínico reforça as características de saber normativo que alimentam o controle social.

ASSUNTO(S)

psiquiatria terapeutica medicina - historia

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