Redes em (co)operação e sustentabilidade : estratégias e desafios na produção da vida na cidade

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Esta dissertação é fruto de um estudo-intervenção em um movimento urbano na cidade de Porto Alegre. É constituída por três sessões, que propõem reflexões acerca dos processos de pesquisa e das experiências cotidianas. Esta pesquisa tem como cenário um movimento urbano o "Porto Alegre Vive", que consideramos de extrema importância em sua potência de articulação entre sociedade, meio ambiente, política, técnica e ciência. Nos últimos trinta anos, esses elementos têm galgado progressiva atenção, associados à emergência do conceito de sustentabilidade. Políticas institucionais são construídas e propostas de gestão também são pensadas coletivamente, no sentido de poderem dialogar com a complexidade das problemáticas sociais e ambientais da contemporaneidade. A cartografia nasce como estratégia dentro de um método-caminho complexo que se constrói ao andar. Traz consigo a importância da implicação e compromisso do pesquisador com a realidade; busca traçar um desenho em movimento, na tentativa de produzir saberes em dialogo com os espaços da vida cotidiana. Partimos de uma crítica às metodologias modernas, como programas, para encarar um método-estratégia. Para dar respaldo a essa discussão, articulamos alguns fragmentos do pensamento de Feyerabend, em suas inspirações "contra o método"; Morin, na busca de um olhar complexo atravessado por alguns de seus operadores, como a dialógica, recursão e hologramática; Iñiguez, com a perspectiva do Construcionismo Social; e Santos, enfatizando a importância de resgatar a relação entre "senso comum" e conhecimento científico. Assim, utilizamos os recursos de registro em diário de campo, acompanhando as reuniões e deslocamentos pelas redes em que se insere o movimento urbano, conversas com cinco lideranças comunitárias, afetos e memórias. Para organizar o texto, traçamos dois recortes: a sustentabilidade e as redes em (co)operação. No primeiro, buscamos compreender como se constituiu este saber "glocal" dialógica entre global e local - e de que forma se faz presente na constituição do movimento urbano estudado; no segundo, incitamos reflexões sobre autonomia e democracia, através das redes. Para tal, utilizamos a topologia das redes centralizadas, descentralizadas e distribuídas. As redes na cidade ora respeitam padrões de centralização, o mais comum e, ora apresentam padrões de distribuição. O olhar para as relações distribuídas nos possibilita refletir acerca do "glocal", tornando menos clara a fronteira entre os espaços público e privado e a possibilidade de estabelecê-la em relação ao território geográfico. As relações de cooperação são colocadas em foco, sendo, recursivamente, causa e efeito de relações mais autônomas e, conseqüentemente, mais democráticas. Reconhecemos a importância das questões ambientais, acerca da sustentabilidade, na animação de movimentos urbanos, compreendidos como micropolítica; concebemos a noção de desenvolvimento sustentável como uma possibilidade de (re)organização de fluxos, a partir da reflexão que a própria noção de sustentabilidade traz à de desenvolvimento, evidenciando os limites da lógica do progresso no processo de urbanização.

ASSUNTO(S)

complexidade redes sociais psicologia desenvolvimento sustentÁvel psicologia social cooperaÇÃo

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