Recuperação gradual de uma comunidade de riacho tropical desflorestado após enchente repentina
AUTOR(ES)
Marques, Lucas Cerqueira, Ceneviva-Bastos, Mônica, Casatti, Lilian
FONTE
Acta Limnol. Bras.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2013-06
RESUMO
OBJETIVO: Neste estudo, foram avaliados e comparados os atributos de uma comunidade de riacho no Brasil em um período anterior (PRED) e três posteriores (POSD I, II e III) a uma enchente repentina, a fim de investigar a existência de modificações temporais na estrutura da comunidade que sugira retorno às condições anteriores à enchente. MÉTODOS: Amostras da biota incluíram algas, macrófitas, macroinvertebrados e peixes. Alterações na estrutura física do riacho também foram avaliadas. A similaridade da biota aquática entre os períodos pré e pós-distúrbio foi examinada por ordenação exploratória, conhecida como Análise de Escalonamento Multidimensional Não Métrico com Cluster, utilizando os coeficientes de similaridade de Bray-Curtis quantitativo e de presença/ausência. Dados de presença e ausência foram usados para análise de correlação multivariada (Relate Analysis) a fim de investigar a similaridade da composição taxonômica entre os períodos pré e pós-distúrbio. RESULTADOS: Houve uma diminuição do canal do riacho e expressivo decréscimo na riqueza e abundância de todos os táxons logo após a enchente, seguido por aumentos subsequentes nas três próximas amostragens, indicando uma tendência em direção à recuperação da comunidade de riacho. Os coeficientes de Bray-Curtis evidenciaram grande disparidade na estrutura da comunidade entre o período imediatamente após o distúrbio e os subsequentes. A análise de correlação multivariada demonstrou forte correlação entre macroinvertebrados e algas/macrófitas, indicando estreita relação entre a dinâmica de recolonização desses grupos. CONCLUSÕES: Apesar da estrutura da comunidade indicar retorno às condições iniciais, a recolonização foi muito mais lenta em relação aos registros da literatura. Finalmente, o forte impacto da enchente, somado à recolonização lenta, podem ser o resultado da presença histórica de interferências antrópicas na região, como assoreamento, destruição completa da vegetação ripária e simplificação do hábitat, que amplificaram os efeitos de um distúrbio natural.
ASSUNTO(S)
distúrbio enchentes erosivas recolonização macroinvertebrados macrófitas peixes
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