Reconstrução da vegetação e do clima em alta resolução no Holoceno na Ilha do Marajó, com o uso de indicadores biológicos e isotópicos / Reconstruction of vegetation and climate in high resolution at Holocene on Marajo Island, with biologic and isotopic indicators uses

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Um estudo interdisciplinar, envolvendo análises de fácies, elementares e isotópicas de carbono e nitrogênio, palinologia e diatomáceas, teve como objetivo reconstruir a dinâmica da vegetação, na Ilha do Marajó, com inferências climáticas. Testemunhos sedimentares foram coletados em dois pontos diferentes na porção leste da Ilha, um no manguezal da Praia do Pesqueiro, outro no Lago São Luís, à ~35Km de distância a oeste e a ~8Km do litoral. Neste local, entre 7521 7433 anos cal AP e ~3.100 anos cal AP, a sedimentação é de argila maciça e laminação plano/paralela, com valores de C/N entre 45 e 15 e delta15N entre 1,34%o e 5,08%o, que indicam mistura de material orgânico terrestre e fitoplanctônico e a relação C/N e delta13C material com influência marinha. A concentração de Rhizophora chega a 94,4% do total dos grãos e as diatomáceas marinhas e salobras de Cyclotella striata, Cymatotheca weiisflogii e Paralia sulcata são as mais representativas. Todas essas informações indicam a presença de um manguezal onde atualmente se encontra o Lago São Luis. Entre ~3100 anos cal AP e o presente, as fácies de argila maciça, com os valores de C/N entre 18 e 24 e delta15N de 1,7 a 6,04%o, que indicam mistura de plantas terrestres com material de algas na matéria orgânica sedimentar, e os valores de delta13C de -22 a -25%o, que indicam mistura de plantas C3 (espécies arbóreas e herbáceas) e C4 (Poaceae), sugerem significativa mudança ambiental. A palinologia registra uma redução na concentração de Rhizophora e aumento das espécies florestais, como Fabaceae, Melastomataceae/Combretaceae e Myrtaceae e a presença das diatomáceas de água doce, de água doce que suportam condições salobras e de mangue, como Brachysira serians, Frustulia Krammeri, Eunotia sp e Surirella sp. Todas essas informações indicam a formação do lago e a modificação da vegetação no seu entorno, similar a atual. Na Praia do Pesqueiro, entre 1739 1567 e ~614 552 anos cal AP, as fácies de areia com estratificação plano/paralela indicam um ambiente de ante-praia. Valores de delta13C mais enriquecidos (-25 e -26%o), em relação ao período mais recente (parte superfícial do testemunho), sugerem influência marinha e os bioindicadores estiveram ausentes. De ~614 552 até ~180 160 anos cal AP, fácies de argila maciça indica a presença de uma laguna e valores de C/N de 23,8 e delta15N de 2,44%o a influência terrestre no material orgânico sedimentar. Palinomorfos de floresta e mangue estão presentes, com concentração de 8,6% e 88,2%, respectivamente, aspectos que sugerem a redução do nível relativo do mar (NRM) e expansão da vegetação de mangue e floresta, que ocupam a área de praia. A preservação de diatomáceas marinhas é registrada pela presença de Coscinodiscus. De ~180 160 anos cal AP até o presente, o manguezal se estabelece, como mostram as fácies de argila laminada e maciça, valores de delta13C mais empobrecidos (-29,34), C/N entre 18,31 e 24,25 e delta15N de 0,76 e 2,68%o, que indicam influência terrestre com mistura de matéria orgânica fitoplanctônica. A concentração de Rhizophora chega a 89,8% e as diatomáceas de ambiente salobro, como Cyclotella striata, a 85% do total, onde se infere a contínua redução do NRM

ASSUNTO(S)

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