Razões da tradição : o papel do precedente na concepção arquitetônica de Lucio Costa

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A presente tese tem como finalidade interpretar, criticamente, a obra escrita publicada do arquiteto Lucio Costa e investigar, como foco principal, as razões da tradição em relação ao papel crucial que o precedente assume em sua concepção arquitetônica. Para complementar as constatações, fez-se necessário analisar alguns projetos de sua autoria que continham memoriais descritivos, objetivando reconhecer a indissociabilidade entre pensamento e prática projetual em Lucio Costa. Seu trabalho escrito publicado é reconhecido por vários autores como de grande importância no contexto da inserção da arquitetura moderna no Brasil. Dessa maneira, seus textos se tornaram um marco de fundamentação teórica para a prática projetual e influenciaram diversos arquitetos que atuaram no período compreendido, aproximadamente, entre as décadas de trinta e sessenta, no País. Lucio Costa teve um papel singular nesse contexto de grandes mudanças na sociedade advindas da revolução industrial e, como consequência da mesma, o desenvolvimento de novas tecnologias construtivas. A relevância de sua atuação está, precisamente, por fundamentar suas obras (escritas e projetuais) em precedentes, já que a tendência internacional foi romper com o passado e criar obras inéditas. A tese, portanto, analisa criticamente a complexidade de seu pensamento, influenciado por fontes diversas, estruturadas em pólos opostos, através de conceitos designados por Costa entre ¿verdades¿ e ¿falsidades¿, em relação às suas razões da tradição e o fundamental papel que o precedente adquire em sua concepção arquitetônica. A pergunta da tese é a seguinte: Quais as razões da tradição no fundamental papel que o precedente assume na concepção arquitetônica de Lucio Costa? Desse modo, este trabalho tornou-se um desafio no sentido de tentar elucidar os vários questionamentos que esse assunto provoca. Assim, a resposta para a pergunta de tese está calcada na hipótese, também, estruturada em pólos opostos, quais sejam: Entre ¿evolução x revolução¿, entre um pensamento que se estrutura em um momento de crise e ruptura, mas que, em Costa, percebem-se indícios de razões fundamentadas na busca de conciliações, em que o precedente parece assumir esse papel, através de uma atitude de criar elos, manter permanências, naquilo que Costa considera verdadeiro, com essência, longe da superficialidade de algumas tendências mais radicais no momento de sua atuação em que prevaleceram atitudes de rompimento com o passado, Costa apresenta um pensamento enraizado em um processo de aceitação da inexorável evolução e não de revolução, ruptura com tudo que precedeu; Entre ¿verdade construtiva x intenção plástica¿, há evidências sobre as possíveis razões que Costa tentará apresentar sobre a interdependência entre construção e forma plástica resultante, ao distinguir o ¿verdadeiro estilo¿ do ¿falso estilo¿, cuja função do ¿verdadeiro estilo¿, além de conciliar o momento de crise, seria fundamentar a criação arquitetônica na busca de uma arquitetura de excelência (verdadeira arquitetura), baseada no estudo de precedentes (verdadeiros estilos) que, imprescindivelmente, possuam essa interdependência relacionada à ¿verdade construtiva¿. Nesse ponto, observam-se argumentos baseados na razão e na emoção de Costa, quando o autor acrescenta a esses precedentes outros atributos que, para serem considerados verdadeiros, também devem possuir uma ¿intenção plástica¿ em sua essência compositiva e a indagação gerada por essa constatação está precisamente no fato que como se determina a qualidade dessa intenção para poder validar suas verdades?; Entre ¿razão x emoção¿, que são os indícios que levam a verificar certos equívocos em suas argumentações teóricas, pois quando Costa apresenta os seus argumentos sobre a ¿verdade construtiva¿, tais argumentos são passíveis de serem comprovados racionalmente, portanto, estariam ligados à razão. Porém, quando o mesmo tenta explicar a expressão ¿intenção plástica¿, abre oportunidades para questionamentos, pois seus argumentos começam a se estruturar na seara da irracionalidade, que dependem da emoção de quem interpretará a obra de arte. Nessa última constatação, verifica-se que entre razão e emoção, sob pólos opostos, que estruturaram o pensamento de Costa sobre o papel do precedente na sua concepção arquitetônica, seriam possivelmente as razões da tradição.

ASSUNTO(S)

crítica arquitetônica costa, lucio obras e projetos projeto arquitetônico arquitetura : teoria arquitetos

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