Quebra da barreira hematoencefalica pelo veneno da largata Lonomia obliqua e sua biodistribuição no figado, cerebro e rins em ratos : estudo histopatologico, ultraestrutural, morfometrico e imunohistoquimico

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Envenenamentos humanos por lagartas da mariposa Lonomia obliqua (Saturniidae) que ocorrem no sul do Brasil produzem uma moderada resposta local (eritem~ edema e dor) e efeitos sistêmicos que incluem incoagulabilidade sangüíneo insuficiência renal e sérios acidentes hemorrágicos intracerebrais. Através de estudos quantitativos, histológicos, imunohistoquímicos e ultraestruturais foram analisadas as alterações morfológicas e a quebra da barreira hematoencefálica (BlIE) em ratos injetados intravenosamente (Lv.) com o veneno do extrato das espículas de L. obliqua (200 mglkg). Além disso, foi avaliada a biodistribuição do veneno no figado, rins e cérebro. Em relação à quebra de BlIE foram estudadas também cinco frações semipurificadas (Sephadex 075) do veneno (200 m glkg cada). Análises quantitativas morfológicas, imunohistoquímicas e ultraestruturais foram feitas 6, 18, 24 e 72 h após a injeção (p.L) Lv. do veneno e das fIações. A microscopia de luz mostrou que 6 h após o envenenamento havia edema cerebral, que diminuía em 72 h. Hemorragia intracerebral ocorreu apenas em um rato 24 horas após a injeção do veneno. A imunomarcação da proteína glial fibrilar ácida (OF AP) mostrou um aumento progressivo em sua expressão nos grupos de 6, 18, 24 e principalmente 72 h. A biodistribuição do veneno 6 e 18 h após injeção Lv. evidenciado pela imunohistoquímica mostrou que apenas no figado (6 h p.L) e nos rins (6 e 18 h p.i.) foram detectadas quantidades de veneno, o que não foi observado no cérebro. A quebra da BlIE, observada por microscopia eletrônica de transmissão, evidenciada pela passagem do traçador extracelular (nitrato de lantânio) através das células endoteliais do capilar cerebral. A ruptura da BlIE foi observado no cerebelo e no hipocampo 18 h após a injeção do veneno. Neste período, o cerebelo foi mais sensível ao veneno que o hipocampo, exibindo um número maior de vasos afetados. O número de capilares mostrando quebra foi menor após 72 h do que quando comparada ao grupo de 18 h. Nenhuma das fIações semi-purificadas aumentou significativamente a permeabilidade dos vasos. Estes resultados indicam que o. veneno de L. obliqua apresenta uma ação deletéria sobre a BlIE de ratos. O aumento na expressão da OF AP indica reatividade astrocitária provocada pela ação do veneno. A ausência de efeitos das frações semi-purificadas quando administradas separadamente, sugerem uma ação sinérgica dos componentes do veneno, podendo ser responsável pelos danos observados no Sistema Nervoso Central (SNC). A cinética da distribuição do veneno nos órgãos estudados está de acordo com o metabolismo de xenobióticos exercido pelo fígado e com a eliminação destes promovida pelos rins. A não detecção do veneno no cérebro, apesar da quebra da BHE, sugere que o veneno pode não entrar neste órgão nos períodos observados. Os distúrbios morfológicos permaneceram após a eliminação de veneno, explicando a longa duração dos sintomas do lonomismo.

ASSUNTO(S)

edema cerebral hemorragia cerebral lepidoptera

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