Quando iniciamos a insulinoterapia, é melhor uma dose noturna de NPH, pois há melhora do controle glicêmico por inibir a gliconeogênese hepática?
AUTOR(ES)
Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul
FONTE
Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul
DATA DE PUBLICAÇÃO
12/06/2023
RESUMO
Doses de insulina noturna superiores a 30U (1) e a falta de controle adequado com a insulina noturna (HbA1C > 7%) usada em associação com hipoglicemiante oral (metformina), afastados problemas de adesão ao plano alimentar e à atividade física, podem requerer esquemas mais complexos de insulinização.(1,2) Ocorrência de hipoglicemia também justificam mudanças no horário de administração ou fracionamento.
A insulina NPH (neutral protamine Hagedorn) tem duração de ação intermediária (pico em 6 a 12h e duração usual 16 a 20h) e por esse motivo é utilizada 1 ou 2 vezes por dia (noite/antes do desjejum) para manter níveis basais de insulina. Insulinas de ação curta (por exemplo regular) podem ser utilizadas antes das refeições no manejo da hiperglicemia pós-prandial.
O efeito fisiológico primário da insulina é o aumento da disponibilidade de glicose em tecidos-alvo (principalmente músculos esqueléticos) e a redução da produção hepática de glicose em estados de jejum. (3)
A insulina aplicada à noite inibe a produção hepática de glicose, reduzindo a glicemia de jejum e, consequentemente, o perfil glicêmico das 24 horas. (2)
Ao invés de recomendar algoritmos específicos para o manejo da hiperglicemia, as últimas diretrizes da American Diabetes Association / European Association for the Study of Diabetes são menos prescritivas e mais centradas no paciente, exatamente como espera-se da prática em Atenção Primária à Saúde (APS). As recomendações devem ser adaptadas às necessidades, preferências e tolerâncias individuais do paciente e baseadas em diferenças de idade e curso da doença. Outros fatores que interferem na definição do plano de tratamento individual incluem sintomas específicos, comorbidades, peso, raça/etnia, sexo e estilo de vida. A escassez de bons estudos comparando as diferentes estratégias de tratamento da hiperglicemia motivou a mudança de postura das referidas associações.
Esquemas de insulina com mais de uma aplicação diária requerem auto monitoramento da glicemia capilar e variam de acordo com os tipos de insulina utilizadas. A prescrição de tais tratamentos pode ser realizado no contexto da APS, desde que o profissional tenha capacitação e experiência para tal. De outra forma, o manejo deve ser compartilhado com especialista focal.
Aspectos chave no tratamento da hiperglicemia (3):
O diabetes é uma doença crônica. Seu manejo pode ser otimizado pelo acompanhamento regular pela mesma equipe de saúde (LONGITUDINALIDADE). É através deste acompanhamento que é possível fazer ajustes no tratamento, verificar adesão ao tratamento (medicamentoso e não-medicamentoso) e identificar possíveis complicações. A presença da figura do médico clínico de referência continua sendo fundamental mesmo quando a pessoa é encaminhada ao especialista. O cuidado com as interações medicamentosas, monitoração do tratamento, impacto da doença e suas complicações sobre as atividades cotidianas, atividade profissional e estado psico afetivo devem ser considerados (INTEGRALIDADE/COORDENAÇÃO DO CUIDADO).
ASSUNTO(S)
apoio ao tratamento agente comunitário de saúde médico t50 medicação / prescrição / pedido / renovação / injeção t89 diabetes insulinodependente diabetes mellitus gluconeogênese insulina isofana insulinas
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