Qualidade de vida em mães de crianças sorointerrogativas ao HIV/AIDS

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

No contexto da AIDS, a transmissão vertical do HIV se apresenta como um problema grave cuja vigilância, controle e prevenção são epidemiologicamente necessários. A terapia antirretroviral representa uma grande conquista neste sentido, com inicio no pré-natal, intervenção no parto e acompanhamento até o segundo ano de vida das crianças. A indefinição do diagnóstico durante este tempo torna essas crianças sorointerrogativas ao HIV. Neste sentido, torna-se importante verificar o quanto a AIDS influencia na qualidade de vida dos envolvidos, principalmente quando se vive a expectativa de diagnóstico soropositivo num filho. Objetivo: Analisar a qualidade de vida em mães de crianças sorointerrogativas ao HIV. Método: A amostra foi constituída por 49 mães de crianças sorointerrogativas ao HIV (grávidas ou não-grávidas). Os instrumentos utilizados foram: 1) Versão abreviada da Escala de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-bref); 2) Escala de Bem-estar Subjetivo (EBES), sendo utilizada apenas a sua segunda parte que diz respeito à satisfação com a vida; 3) Entrevista em profundidade; e 4) Questionário bio-demográfico. Resultados: Satisfação com a vida: As mães estudadas obtiveram uma boa satisfação com a vida (M=64,7; DP=8,05). Foi percebida diferença estatisticamente significante entre a satisfação com a vida e o número de filhos (p=0,03). As mães com três ou mais filhos (M=67,7; DP=6,04) apresentaram uma maior satisfação com a vida em relação àquelas com um a dois filhos (M=62,9; DP=8,6). Qualidade de vida (QV): A maioria das participantes avaliou a qualidade de vida e satisfação com a saúde de forma positiva. Na avaliação geral, 53,1% das participantes elegeram como boa ou muito boa sua qualidade de vida, e 49,9% afirmaram estar satisfeita ou muito satisfeita com sua saúde. Na satisfação com a saúde foi percebida diferença significativa (p=0,001) com a variável escolaridade. As participantes com menor grau de escolaridade apresentaram-se mais satisfeitas com a sua saúde (M=71,67; DP=21,58) do que aquelas com maior grau de escolaridade. Nos domínios específicos da QV, a qualidade de vida foi mais alta nos domínios Físico (M=63,3; DP=15,7) e Social (M=61,9; DP=26,4), e menores nos domínios Psicológico (M=54,9; DP=14,9) e ambiental (M=44,8; DP=14,8). Foi observada variância estatística significativa entre a renda e os domínios físico (p=0,02) e ambiental (p=0,005). As participantes com renda familiar acima de um salário mínimo mostraram-se com uma maior qualidade de vida no domínio físico (M=73,2; DP=6,2) e ambiental (M=64,1; DP=15,8). Foi percebida, ainda, diferença estatisticamente significativa entre o estado civil e o domínio psicológico (p=0,04). As mães que relataram ter união estável apresentaram qualidade de vida mais alta no domínio psicológico (M=57,6; DP=15,4). Entrevistas: Na análise do discurso, emergiram duas classes temáticas, a saber: 1) Convivência com HIV/AIDS composta pelas categorias diagnóstico, percepção da AIDS, preconceito/discriminação, apoio, enfrentamento e adesão ao tratamento; e 2) Maternidade soropositiva com as categorias sentimentos positivos, culpabilização e expectativa do diagnóstico. Conclusão: Apesar da vivência da sorointerrogatividade do filho, a maioria das mães apresentou-se com uma qualidade de vida positiva. Os resultados apresentados confirmam a necessidade de se estudar os enfoques atuais do viver/conviver com HIV/AIDS. Neste sentido, a discussão do enfrentamento, ajustamento e qualidade de vida dos que convivem com o HIV/AIDS é um debate necessário para alargar o entendimento dos efeitos causados pela AIDS.

ASSUNTO(S)

transmissão vertical hiv/aids hiv/aids qualidade de vida psicologia vertical transmission life quality

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