Quais são os diagnósticos e condutas clínicas para pacientes com pigmentação branco-leitoso (opaco-poroso) no esmalte e generalizada em toda dentição mista?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Muitos termos vem sendo usados para descrever os defeitos de esmalte. Os mais frequentemente utilizados são: fluorose dental, opacidades de esmalte e defeitos de desenvolvimento do esmalte.

A fluorose dental é definida como um distúrbio específico na formação do dente causado pelo consumo crônico de flúor durante a fase de formação dental.

Devido ao fato de o diagnóstico da fluorose dental ser difícil em algumas circunstâncias, existe alguma controvérsia quanto ao uso de um termo tão específico. O diagnóstico da fluorose dental requer uma inspeção adequada após limpeza e secagem de todos os dentes, sob iluminação apropriada.

A aparência clínica da fluorose leve inclui a presença de estriações brancas, difusas, opacas e bilaterais que correm ao longo do esmalte. Nas formas mais graves, o esmalte pode apresentar-se manchado e/ou “escavado”. Quando da erupção, o esmalte fluorótico não se apresenta manchado. Manchas podem se desenvolver ao longo do tempo pela difusão de íons no esmalte com porosidade aumentada.

O diagnóstico diferencial entre as opacidades do esmalte não induzidas e as induzidas por flúor é realizado a partir do estabelecimento de diferenças referentes à simetria (simétricas ou assimétricas) e aos padrões das lesões presentes (padrões discretos ou opacidades). Este critério sugere que as lesões que se apresentam opacas e simetricamente distribuídas nos dentes são compatíveis com fluorose dental.

As propostas para o manejo da fluorose dental, descritas na literatura incluem o uso clareamento dental caseiro ou profissional, uso de técnicas de microabrasão com pedra pomes e ácido fosfórico a 37% e a associação de ambas técnicas. Os resultados destas abordagens têm sido descritos como altamente satisfatórios, não resultando em desgaste excessivo de esmalte dentário hígido.

Quase todos os defeitos de esmalte visíveis em dentes humanos podem ser classificados, de acordo com suas características macroscópicas, em:

1) hipoplasia, 2) opacidade demarcada ou 3) opacidade difusa.

Estes defeitos podem resultar de uma variedade de fatores locais e sistêmicos, incluíndo anormalidades cromossômicas, toxicidades por químicos como flúor, tetraciclina e antineoplásicos, anormalidades metabólicas, infecções e deficiência nutricional. A hipoplasia é um defeito que envolve a superfície do esmalte e está associada com uma redução de sua espessura.

Manifesta-se clinicamente pela presença de sulcos, ranhuras ou ainda pela perda de esmalte em áreas mais extensas da superfície do dente. O esmalte geralmente tem um aspecto translúcido ou opaco. O diagnóstico diferencial deve ser realizado descartando-se:

1) perda de esmalte em um único dente permanente ocasionada por trauma no dente decíduo predecessor ou 2) desmineralização do esmalte na fase pós-eruptiva.

A opacidade difusa é um defeito que envolve uma alteração de grau variável na translucidez do esmalte. Nesta lesão não é possível identificar com clareza os limites entre o esmalte normal e o esmalte defeituoso.

O esmalte defeituoso é de espessura normal e, ao erupcionar, apresenta como características a cor branca e a lisura superficial. A superfície do dente pode ser afetada parcial ou totalmente e as lesões são resultado de uma agressão de baixa intensidade e longa duração. A aparência clínica e a dureza das lesões são similares a de lesões de baixa gravidade em esmalte. A opacidade demarca também envolve alteração de grau variável na translucidez do esmalte.

O esmalte defeituoso apresenta espessura normal e superfície lisa e é possível identificar o limite entre o esmalte defeituoso e o normal. A cor da lesão pode ser branca, creme, amarela ou marrom. As lesões variam em extensão, posição na superfície do dente e distribuição na boca.

De acordo com as diretrizes clínicas para o manejo de defeitos de desenvolvimento dental hereditários da Academia Americana de Odontopediatria, a identificação precoce e intervenções preventivas são críticas para evitar consequências sociais e funcionais negativas nas crianças que apresentam defeitos de esmalte.

Exames regulares permitem a identificação de dentes que necessitam de cuidados ao erupcionar. Cuidados de higiene bucal meticulosos, remoção de cálculo dental e colutórios bucais podem melhorar a saúde periodontal. A aplicação de flúor e dessensibilizantes pode diminuir a sensibilidade dental.

A aparência, a qualidade e quantidade de esmalte afetado é que irão ditar o tipo de restauração necessária para que se atinja estética, mastigação e função adequadas. Quando o esmalte está intacto, mas manchado, clareamento e/ou microabrasão podem ser utilizados para melhorar a aparência dos dentes.

Se o esmalte está hipocalcificado, podem ser utilizadas restaurações com resinas compostas ou facetas adesivas. Se a adesão ao esmalte ou à dentina estiver comprometida, coroas completas ou “veneers” são necessárias.

ASSUNTO(S)

saúde bucal dentista d19 sinais/sintomas dos dentes / gengivas descoloração de dente pigmentação d - opinião desprovida de avaliação crítica/baseada em consensos/estudos fisiológicos/modelos animais

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