Propriedades adesivas e quimiotáticas dos neutrófilos de pacientes com artrite reumatoide e a influência de diferentes medicações / Chemotactic and adhesive properties of neutrophils from rheumatoid arthritis patients and influence of different treatments
AUTOR(ES)
Venina Marcela Dominical
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010
RESUMO
A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica, autoimune e sistêmica, caracterizada por ser uma poliartrite simétrica, acometendo preferencialmente os punhos, mãos e pés. O processo patológico que explique a AR ainda permanece desconhecido. A indução da resposta imune, característica da doença, resulta de uma inflamação nas articulações através da infiltração de células inflamatórias que são recrutadas para o tecido sinovial, onde elas aderem às células endoteliais e transmigram através da subcamada sinovial, formando complexos que produzirão citocinas inflamatórias, contribuindo para a hiperplasia da camada sinovial e estimulando a produção de mais citocinas e enzimas capazes de degradar a matriz óssea, provocando a destruição das articulações afetadas. No líquido sinovial, os neutrófilos são o principal tipo celular, atraídos para as articulações inflamadas por quimioatraentes como LTB4, C5a, IL-8 e TGF-?, e expostos a uma variedade de citocinas locais pró-inflamatórias como IL-1?, TNF-?, GM-CSF, IL-6 e IL-18. Estudos demonstraram que os neutrófilos têm papel indutor na geração de inflamação e esforços visando compreender os mecanismos exercidos pelos neutrófilos nesta doença podem ser um ponto chave para intervenções farmacológicas, promovendo a melhora dos sintomas e gravidade da doença. Diante disso, este estudo objetivou avaliar as propriedades adesivas e quimiotáticas de neutrófilos de pacientes com AR (com atividade e em remissão da doença) e verificar a influência das diferentes medicações utilizadas atualmente no tratamento da AR quanto a estas propriedades. Cento e vinte e três pacientes com artrite reumatoide em estado ativo ou de remissão da doença foram inclusos no estudo e divididos em três grupos: pacientes não tratados com drogas direcionadas para a AR (AR nt), pacientes tratados com drogas modificadoras da doença (AR dm) e pacientes tratados com agentes biológicos (AR ab); os indivíduos sem a doença foram nossos controles (Con). Os neutrófilos foram separados do sangue periférico e realizados ensaios de adesão estática e de quimiotaxia celular, ambos in vitro. Foi verificada a expressão gênica e de superfície de algumas proteínas envolvidas no processo adesivo. Além disso, foram quantificadas no soro e líquido sinovial destes pacientes, quimiocinas envolvidas no recrutamento de neutrófilos e a L-selectina - molécula de adesão expressa em leucócitos. Os neutrófilos da circulação periférica de pacientes com AR em atividade da doença não apresentaram alterações quanto às propriedades adesivas em relação a indivíduos saudáveis. Ainda, neutrófilos de pacientes em terapia com agentes biológicos apresentaram aumento das propriedades migratórias comparados a pacientes AR sem tratamento. Interessantemente, os neutrófilos de pacientes com AR em remissão da doença apresentaram redução da capacidade adesiva e migratória dos neutrófilos quando na ausência de estímulo por IL-8. Apesar disso, não observamos diferenças quanto à adesão e à migração destes neutrófilos quando estimulados por esta citocina. O líquido sinovial de pacientes com AR em atividade da doença possui alto potencial quimiotático frente a neutrófilos e foram encontrados níveis elevados de IL-8 e ENA-78 tanto neste fluído, como também no sangue periférico. Há aumento da expressão gênica de L-selectina em neutrófilos de pacientes com AR em atividade da doença, mas curiosamente, não encontramos diferenças quanto à expressão desta molécula na superfície dos neutrófilos ou a sua presença no soro. Em destaque, observamos redução significativa de expressão na superfície neutrofílica de L-selectina e LFA-1 em pacientes em remissão da doença. Esses resultados sugerem que a remissão do quadro inflamatório da AR parece estar associada a alterações significantes nas principais quimiocinas atraentes de neutrófilos na circulação destes indivíduos e que são acompanhadas por modificações funcionais dos neutrófilos. Especulamos se estas características podem participar na melhora do quadro clínico em pacientes com artrite reumatoide
ASSUNTO(S)
moleculas de adesão quimiocinas neutrófilos migração artrite reumatoide infliximab adhesion molecules chemokines neutrophils migration rheumatoid arthritis infliximab
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=000776610Documentos Relacionados
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