Projeto terapêutico como dispositivo de cuidado na rede de atenção à saúde mental e sua (des)articulação com a estratégia saúde as família (ESF). / Therapeutic plan of care as a device in the network of mental health care and its (dis) articulation with the Family Health Strategy (FHS).

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/10/2011

RESUMO

A compreensão de projetos terapêuticos no campo da saúde mental perpassa pela centralidade no usuário e no olhar ampliado sobre suas necessidades, numa dimensão organizacional e relacional, transversalizadas pela singularidade dos atores envolvidos no processo (equipe/usuário/familiar). Podem e devem funcionar como dispositivos capazes de gerarem auto-reflexão sobre as práticas de saúde na equipe e arranjo que possibilite a articulação em rede dos fluxos de serviços de saúde mental e a atenção primária. Desse modo, os projetos terapêuticos devem surgir a partir dos encontros intercessores, por meio da prática dialógica, respeito às diversidades e valorização das relações de confiança. O estudo busca compreender a construção do projeto terapêutico em saúde mental na rede de atenção primária à saúde e centros de atenção psicossocial. Possui os seguintes desdobramentos: identificar como os fluxos dos projetos terapêuticos se constroem pela equipe que cuida e suas tecnologias relacionais presentes no encontro com o sujeito, analisar como se organiza a lógica de cuidados nos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Estratégia Saúde da Família (ESF) e as mudanças provocadas no cuidado ao usuário de saúde mental e discutir as redes sociais que envolvem usuários, familiares e equipe (ESF e CAPS) em busca de uma prática baseada na corresponsabilização.Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com abordagem da teoria hermenêutica de Paul Ricoeur realizada no município de Maracanaú-CE. Participaram do estudo 34 sujeitos, entre eles profissionais de saúde mental do CAPS e equipes de saúde da família, bem como usuário e seus familiares. Para a coleta de dados foram utilizadas duas técnicas: a entrevista semi-estruturada e a observação sistemática. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UECE. A análise do material empírico, para o melhor entendimento do objeto de estudo, baseou-se na hermenêutica de Paul Ricoeur. A experiência com projetos terapêuticos está relacionada desde a concepção e inicio de funcionamento dos serviços do CAPS. As narrativas contextualizam que a articulação entre CAPS e ESF é precária, ocorrendo por meio de referências e encaminhamentos, mas atualmente se inicia no município um movimento de integração da saúde mental com a atenção primária por meio do matriciamento. Algumas amarras são apontadas como entrave para o serviço como, a estrutura física do CAPS geral, a dificuldade do trabalho em equipe, a rotatividade de médicos, a inexistência de um projeto terapêutico individualizado, pouca participação do usuário e seu familiar na concepção desse projeto e grande demanda nos serviços. Nesse contexto, observa-se a necessidade de políticas públicas que estimulem maior integração dos serviços em rede, o acionamento das redes sociais de apoio para fortalecimento na condução de projetos terapêuticos integrais, capacitação e supervisão institucional para os profissionais dos serviços, além do empoderamento dos usuários e seus familiares na elaboração participativa de um projeto terapêutico capaz de produzir autonomia. Tais mudanças contribuirão com as transformações de práticas, cumprimento dos princípios da reforma sanitária e reforma psiquiátrica e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS).

ASSUNTO(S)

saúde mental projeto terapêutico trabalho em rede atenção primária saude publica therapeutic project mental health teamwork primary car

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