PROJEÇÃO FIGURATIVA E EXPANSÃO CATEGORIAL NO PB: O CASO DE UM FRAME ANIMAL

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O presente estudo constitui-se como um subprojeto que integra o macro-projeto Construções Superlativas no Português do Brasil Uma Abordagem Sociocognitiva (MIRANDA 2007) - e tem como objeto de pesquisa o processo de mudança semântica e categorial que, tendo como domínio-fonte o frame de animal (itens lexicais animal, bicho, fera, monstro e gigante), resulta em um frame de escala, como ilustram os exemplos a seguir: Irritado, Animal acaba com treino do Verdão; Skol gelada é o bicho!; Você, fera na cama!; Festival reúne feras do jazz; TV monstra chega ao mercado brasileiro por R$ 299 mil; Zoomp compra quatro grifes e vira gigante da moda. Este trabalho, de viés sociocognitivo, tem como escopo teórico central as bases pré-conceptuais (Categorias de Nível Básico e Esquemas Imagéticos) e conceptuais (Domínios Conceptuais ou Frames, Metáfora e Metonímia) do nosso processo de categorização, ancoradas nos estudos de Lakoff &Johnson (1980,1987, 1999), Fauconnier &Turner (2002), Tomasello (2003), Croft (2004), Fillmore (2007), Talmy (2000); Geeraerts (2007). Dada a relevância do uso lingüístico em nossa agenda investigativa, a Linguística de Corpus (Sardinha 2004; Aluísio e Almeida 2006) se constituiu como a escolha metodológica. Com o intuito de espelhar, de fato, o comportamento de uso dos itens lexicais em foco, nossa base empírica consiste em um corpus específico obtido através de pesquisa na internet, no site de revistas da Editora Abril (ABRIL.COM), no CETENFolha/Folha de São Paulo, no G1 Portal de Notícias da Globo.com, em blogs e em comunidades de relacionamento do Orkut. O eixo norteador de nossa análise consiste em: (i) Descrever a dimensão semântico-pragmática e formal da rede lexical em foco; (ii) Desvelar a motivação conceptual esquemas imagéticos e processos metafóricos e metonímicos dessa rede de modo a compreender os possíveis elos cognitivos que a instituem. Neste sentido, nossa pesquisa apresenta os seguintes resultados: a confirmação em nosso corpus da primeira de nossas hipóteses, qual seja, a de que está em curso um processo de expansão lexical em que os itens lexicais (animal, fera, bicho, monstro, gigante) que integram o nódulo da rede metafórica do frame animal passam a atuar como OPERADORES SEMÂNTICOS DE ESCALA, compondo uma rede polissêmica. Em termos da expansão morfossintática, passamos a ter um padrão duplo: (1) o SN2 (com sentido metafórico) mantém a função de substantivo: o que ocorre em 68,7% das ocorrências analisadas e (2) é sintaticamente reanalisado como um adjetivo, com estatuto de adnominal ou predicativo, como podemos verificar em 31,3% das ocorrências. Os resultados mostram, em síntese, que os processos de mudança semântica dessa rede lexical se fazem de uma maneira mais ostensiva, robusta do que os morfossintáticos. Em termos da motivação conceptual, pudemos apresentar a relevância do esquema imagético de força (Modelo da Dinâmica das Forças) na configuração de um cenário agonístico, perspectivizado pelas construções lexicais em foco. De igual modo, apresentamos a METÁFORA CONCEPTUAL DA GRANDE CADEIA que nos permite compreender de que forma os itens lexicais do frame conceptual de animal passam a referenciar seres de outra ordem, como humanos (PESSOAS SÃO ANIMAIS) e entidades (OBJETOS COMPLEXOS SÃO ANIMAIS)

ASSUNTO(S)

polissemia polissemia lexical semantics metaphor linguistica metáfora semântica lexical

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